21 de novembro de 2024
OPINIÃO

O mundo cinza que o estresse cria


| Tempo de leitura: 2 min

O mundo está ficando triste, preocupado, estressado e até raivoso em certos momentos. Uma a cada três pessoas relataram esses sentimentos no estudo realizado pela Gallup no Relatório de Emoções Globais de 2022, que entrevistou 1,53 milhão de adultos, de 113 países, entre 2021 e início de 2022, que avaliou as emoções das pessoas e os sentimentos relacionados a problemas emocionais comuns, como ansiedade e depressão.

Já no Brasil, 7 entre 10 trabalhadores, no ano de 2023, se defrontaram com situações de estresse, burnout, depressão ou medo de perder o emprego, demonstra pesquisa realizada pela VR, juntamente com o Instituto Locomotiva. As questões emocionais afetaram principalmente mulheres e os mais jovens.

A velocidade, a exigência de respostas imediatas, a agilidade que a tecnologia e os veículos de informação estão trazendo como consequência uma humanidade cinza, com baixa vibração e tendência a adoecer.

Emoções são intrínsecas aos seres humanos, positivas ou negativas. O mundo VUCA, um acrônimo que se refere a um ambiente caracterizado por volatilidade (Volatility), incerteza (Uncertainty), complexidade (Complexity) e ambiguidade (Ambiguity), não proporciona que os indivíduos tenham tempo de parar para refletir sobre os seus sentimentos e seguem, dia após dia, os atropelando e os sufocando no frenesi de cumprir uma agenda lotada de compromissos.

Mundo BANI é outro conceito para se entender melhor o que está acontecendo. Refere-se a um ambiente caracterizado por ser frágil (Brittle), ansioso (Anxious), não linear (Nonlinear) e incompreensível (Incomprehensible). Foi criado pelo antropólogo Jamais Cascio em 2018, durante um evento organizado pelo Institute For The Future (IFTF).

A complexidade de se acompanhar, ter entendimento do que está acontecendo, com poucas chances de prever ou antecipar acontecimentos está trazendo ansiedade e fragilizando as pessoas, que agora se veem com dificuldade em planejar o futuro, frente a um mundo volátil, rápido, imprevisível e disruptivo.

Diante desse contexto é possível acionar o freio de mão?

Talvez brecar bruscamente poderá trazer estragos mais danosos, mas é possível começar com pequenas pausas diárias para identificar em seu corpo pequenas ou grandes dores localizadas em músculos ou órgãos específicos. O corpo fala, e com cada um é uma linguagem própria e subjetiva.

O segundo passo desse descanso dedicado à sua observação pessoal é olhar para as emoções. Sim, elas nos dirão muito sobre as atitudes e reações que tomamos racionalmente ou aquelas que nos deixamos levar pelo instinto. O psicólogo Robert Plutchik elaborou um gráfico chamado teoria da roda das emoções. A partir da observação, identificação das emoções e sua intensidade é possível encontrar um caminho.

Veja, essas sugestões dependem muito do quanto você deseja realmente se conhecer e proporcionar alternativas saudáveis para combater a tristeza, o estresse e a raiva. "Depressão é excesso de passado, estresse excesso de presente e ansiedade excesso de futuro", diz a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, sintetizando os três estados do tempo e suas consequências na saúde se não estivermos prestando atenção em nossos comportamentos.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)