21 de dezembro de 2024
OPINIÃO

Chamem os universitários


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A Universidade brasileira se ampara em três pilares: ensino, pesquisa e extensão. As três áreas precisam de reforço e aprimoramento. As aulas prelecionais já não atraem o alunado. É difícil permanecer cinquenta minutos a ouvir a mesma voz. Depois de dez minutos, a mente viaja e passeia por outros interesses.

É urgente acionar uma espécie de metodologia ativa, com participação maior do educando. Formar salas invertidas, formar grupos, estimular a emulação e a competitividade, incentivar a criatividade, tudo isso tornará o ensino mais produtivo.

A pesquisa capenga. Ainda permanece teórica. É necessário fazer pesquisa de campo. Com problemas aparentemente insolúveis que podem conseguir uma solução, ou ao menos mitigação, se houver empenho de mestre/aluno.

Já a extensão fica muito a desejar. O entorno de uma Universidade precisa ser diferente porque ela está ali. Em tempos de mudança climática, a maior ameaça que a humanidade já sofreu, as soluções para a transição energética e para a arborização constituem chamados irrecusáveis.

Isso precisa valer também para o Ensino Médio e para o Ensino Fundamental. O anacronismo nas ideias desestimula o protagonismo de uma geração que já nasceu com chips e que está acostumada com logaritmos, IA – Inteligência Artificial, blockchain, nanotecnologia, Internet das Coisas e um acervo incalculável de possibilidades.

Há bons exemplos – embora escassos – acontecendo. Por exemplo, os estudantes da Escola Estadual "Comendador Emílio Romi", em Santa Bárbara d'Oeste, há três anos desenvolvem projeto de reflorestamento cujo objetivo é contribuir para a garantia da disponibilidade hídrica do município.

Os alunos, entre quinze e dezoito anos, escolheram a disciplina eletiva "Refloresta", ministrada por um professor de matemática e coordenador de Ciências da Natureza. O nome dele é Sérgio Luiz Farsura.

Os encontros de aprendizado acontecem nos fundos da escola, em uma árvore arborizada. Ali, caixotes de madeira disputam espaço com bandejas para plantio, terra, adubo e sementes de árvores nativas da Mata Atlântica, em fase de germinação. As mudas tomam o destino de Áreas de Proteção Permanente – APPs, localizadas nas nascentes das represas.

Cerca de mil e cem mudas por mês são produzidas pelos alunos. Não é tarefa exclusiva dos alunos. O DAE-Departamento de Água e Esgoto participa, assim como o Grupo de Atuação Especial em Defesa do Meio Ambiente – GAEMA, o Ministério Público e o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. O compromisso é de reflorestar ao menos dez hectares por ano, ali em Santa Bárbara.

Iniciativas benfazejas e oportunas como essa deveriam acontecer em todos os demais municípios. O que falta para isso?

José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)