22 de dezembro de 2024
OPINIÃO

Oceanos, livre arbítrio e liberdade


| Tempo de leitura: 3 min

Foi indo assistir o sol nascer às cinco e tanto da manhã, três semanas atrás em uma viagem curtinha de férias pelo litoral paulista e refletindo sobre o que ora venho aprendendo de forma absolutamente encantadora com a Drª Carla Tieppo, maior e melhor neurocientista da América Latina na atualidade, que encontrei a inspiração para escrever o artigo deste mês. Preciso antes te dizer que sinto um orgulho imenso de ser aluna presencial dessa mulher incrível!

Era o meu último dia de viagem e, como sempre, me bateu uma tristeza gigantesca por saber que dali a poucas horas eu me despediria do único canto do planetinha que me é muito dolorido, toda vez, deixar para trás. Meu lugar no mundo, como costumo dizer. Eu tenho uma conexão linda com a beleza e a profundidade dos oceanos. Enquanto a maioria das pessoas é aficionada pela diversão proporcionada pela praia, eu só quero estar diante do mar. E nada mais a mim é preciso.

Com Drª Carla e a Neurociência tenho experenciado sobre o encontro de emoções de valência positiva e nesse dia, sentada em frente à orla da praia do Gonzaguinha, tentando lidar com aquela forte contrariedade momentânea, pensava nela e nos aprendizados recém incorporados a respeito de um novo olhar sobre aquilo que chamamos de livre arbítrio e porque não é possível chamar livre arbítrio de liberdade.

Primeira coisa que geralmente nos vem à cabeça quando se fala em livre arbítrio é pensar em liberdade, certo? Mas só que não.

Naquele momento da minha viagem, era inevitável seu fim e, já sabedora desse fato por previsibilidade e deixando novamente me levar pela tristeza, quais estratégias eu poderia tentar, quais outras alternativas eu tinha para torná-lo menos pesaroso?

Foi então que eu me propus um exercício intencional de buscar novas e diferentes emoções que fossem capazes de aplacar aqueles sentimentos negativos que me sequestravam. Esse é, literalmente, o significado de livre arbítrio : tomar decisões com base na responsabilidade que é preciso ter frente a situações. Aliás, parem pra reparar que nós tomamos decisões o tempo todo.

Mas então, por que não dá para chamar isso de liberdade?

Porque a liberdade, no caso da minha história com a tristeza pela despedida por exemplo, ainda que temporária de um lugar que tanto amo estar, seria simplesmente ignorar o seu fim e prolongá-la e assim, atender o desejo do meu sistema dopaminérgico, que é aquele em nosso encéfalo responsável pelo mecanismo de recompensa e satisfação. O que eu mais queria naquele momento era ficar.

Dessa forma, é possível afirmar que livre arbítrio é quase todo acontecimento onde não é possível simplesmente fazer aquilo que se tem vontade por puro prazer.

Voltando ao fim da minha viagem, a emoção de valência positiva que encontrei para dar conta daquela tristeza foi me lembrar que, de volta a Jundiaí, minha cidade, eu ainda tinha alguns dias de férias pela frente e queria visitar algumas pessoas queridas e foi o que fiz.

Se não vou mais sentir tristeza quando tiver que me despedir do mar, não vejo a hora de estar diante de qualquer pedacinho de oceano novamente, para saber. Mas a Drª Carla Tieppo e seus ensinamentos de Neurociência já me deram pistas valiosíssimas.

Márcia Pires é sexóloga e gestora de RH (piresmarcia@msn.com)