23 de novembro de 2024
OPINIÃO

Os encantos do nosso outono


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Há um texto que me seduz do poeta Mario de Andrade no seu "Valioso Tempo Dos Maduros". Escreveu assim: "Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Um viver onde o maior prazer encontrado deva ser a alegria do convívio e não a mediocridade das aparências."

Tanto aqueles que aqui nasceram como tantos outros que adotaram esta terra e sua filosofia de vida sabem do que estou falando. Como nos versos do hino da cidade, da inesquecível professora Haydée, teus filhos amantes são de ti. A cidade conta com as vantagens de uma metrópole, e guarda no seu seio as virtudes de uma província. Jundiaí se diferencia de outras plagas, graças ao esforço, trabalho e abnegação de comunidades, que transformam cada canto desta cidade num lugar de fé, amor e bondade. A paróquia e a fé. O ser humano e a gratuidade de espírito. Todos os anos, nesta época, desfrutamos de fins de semana festivos. Nada é mais valioso e tão grande. Nesta vida sofrida, temos o bálsamo do amor no mistério, a felicidade de viver. Que venham as nossas saborosas festas tradicionais, que tanto cativam esses nossos bucólicos bairros. Comunidades que exalam os perfumados aromas da fé, amor e bondade. Realçam as fortes raízes da solidariedade. Creiam que assim nasceram as festas do Caxambu, da Roseira, da Toca, as Luzes da Ponte, a italiana da Colônia, a portuguesa da Vila Arens, a Trezena do Anhangabaú, Cidade Nova e Currupira, a Vicentina do Retiro, Eloy Chaves. A veneração sacra dos fiéis a São Roque, São Sebastião, Santa Rita de Cássia, São João Batista, Nossa Senhora da Conceição, do Montenegro, Santo Antônio, São Vicente de Paulo, São Roque. Bom Jesus e São Genaro. Além da italiana da Colônia, a da Padroeira de Nossa Senhora de Montenegro, as tradicionais do bairro da Terra Nova e da bucólica Varginha. As alegres festas juninas. Basta estar num desses encontros para sentir a palpitação de vidas individuais. Não há descrença nem lamúrias. Há brilho nos olhos e sorriso nos lábios. Há uma bela aglomeração de pessoas, melhor ainda, seres humanos, verdadeiros voluntários da bondade, impulsionados por uma corrente de solidariedade. Se não me equivoco, essa é a grande potência desses bairros de Jundiaí, e seria um tremendo erro deixá-la perder ou mudá-la para outra forma de convivência. Festivos eventos que se tornam inesquecíveis. Quero, sim, a canção da volta. Quero, sim, essas festas de volta. Quero, sim, ao lado dos amigos, colher na simplicidade do afeto o alimento que ainda me resta. Na vida, não vale a pena viver para depois se arrepender. Quando mais um capítulo de viver for vencido, uma nova página será escrita em nosso livro da vida. Que se somem forças, se for preciso, para começar tudo de novo. Talvez possam dizer que estou pintando este outono com cores carregadas demais. Meu pensamento único é enviar uma mensagem de otimismo e entusiasmo a todos. Precisamos com urgência, diante de nossos olhos, da beleza palpitante da aventura da vida.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)