Jundiaí sempre se destacou por apreciar e incentivar a cultura. Na música, aqui tivemos Haydée Dumangin Mojola, autora dos Hinos à cidade e à Padroeira. Luiz Biela de Souza, que além de ensinar música, ensaiava corais por mero diletantismo. Também era compositor. Jair Accioly de Souza, que se destacou no piano. Havia dois conservatórios, bastante concorridos. O da família Sciamarelli e o Musical "Jundiaí", do casal Manoel-Antonietta da Cunha Barros.
Havia festivais de música no Clube Jundiaiense, onde brilhavam os "Napões", depois "All Anthonys", com Melinho, Joel Denardi, o cantor Wagner Moraes Oliveira e o Ewerton Pernambuco. Vários shows daquela época atraíram a "juventude dourada" da terra de Petronilha. Com a participação de Mano de Souza, Gilberto Fraga de Novaes e seu irmão Delega, Flavinho Della Serra e tantos outros. Havia ensaios diários e à apresentação toda a "família" do Clube presidido pelo Oswaldão, Oswaldo Almeida Leite, fazia questão de comparecer.
Mas também havia concursos de música para os estudantes do Instituto de Educação Experimental Jundiaí, hoje Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau "Dom Gabriel Paulino Bueno Couto". Ali imperava a competência e dinamismo de Nassib Cury, acolitado por Cláudia Maria de Lucca (depois Parise), Martha Burgos Pereira da Silva, Iolanda Bastos, Beni Marchi e outras "feras" da educação.
Existia uma Sociedade Amigos de Jundiaí, uma Sociedade de Cultura Artística, apresentações de balé da Professora Glória Rocha e de sua filha Marilu Gáspari. Mariazinha Congilio se especializou em criar entidades culturais como o "Clube dos Estados", o clube das Soroptimistas, trazia artistas para eventos em nossa cidade e os hospedava em sua casa. Foi a maior divulgadora de Jundiaí, tanto que manteve, durante décadas, a "Pensão Jundiaí" em São Paulo. Foi uma das responsáveis pela celebração do centenário da Avenida Paulista e homenageava os "homens do ano" com troféu confeccionado pela artista plástica Semíramis Mojola.
Um tempo glorioso foi o da realização dos Encontros Jundiaienses de Arte, durante a gestão de Walmor Barbosa Martins, que soube atrair o casal Dulce-Victor Geraldo Simonsen, grandes mecenas e amigos de todas as celebridades brasileiras e internacionais. Esses Encontros, que foram realizados até à gestão de Ibis Pereira Mauro da Cruz, cujo Secretário da Cultura era Fernando Barrios Cury, fizeram época. Eram noticiados pela grande imprensa brasileira e atraíam a Jundiaí nomes como os de Aldemir Martins, Djanira, Lothar Charroux, Judith Lauand, além da participação do nosso mais do que premiado Inos Corradin, o "Inos de Jundiaí", que tanto nos projeta no Brasil e no Exterior. Mas também participavam Fernanda Milani, Alberto Franco Cecchi, João Borin e outras "pratas da casa".
Lembro de tudo isso ao comparecer a um espetáculo na Sala São Paulo, ouvindo a maravilhosa OSESP e recebendo material de divulgação onde aparece um jundiaiense. A Lei 2733, de 13 de setembro de 1954, promulgada pelo governador Lucas Nogueira Garcez, que criou a Orquestra Sinfônica Estadual, vem também firmada por José Romeiro Pereira, então Secretário da Justiça do Estado de São Paulo.
Foi um jundiaiense ilustre, que mereceria mais ainda. Já é nome de uma Escola Estadual, antigamente chamada GEVA - Ginásio Estadual de Vila Arens, mas sua participação na História de Jundiaí deveria ser permanentemente realçada. Assim como a de muitos outros cujos nomes vão deixando de frequentar a memória dos apressados consumistas de nossos dias.
José Renato Nalini é reitor de universidade, docente de pós-graduação dSecretário-Geral da Academia Paulista de Letras (jose-nalini@uol.com.br)