23 de novembro de 2024
OPINIÃO

O 8º Ballon D'Or de Lionel Messi

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Quando se está em meio à história, talvez não tenhamos a noção de que estamos presenciando algo que nossos filhos e netos desejarão muito um dia ter visto ou sentido.

Digo isso pois somos uma geração futebolística privilegiada, que pode presenciar craques como Romário, Ronaldo Nazário, Ronaldinho Gaúcho, Zinedine Zidane e, mais recentemente, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

E é sobre o craque argentino que vale a pena abordar: Messi se tornou o maior jogador do Século XXI, gozando de um talento indescritível, mantendo uma serenidade impressionante e encantando seus fãs a cada passo que sua carreira vai findando.

Dá, sim, para comparar Pelé com Messi. Pelé viveu uma época diferente no futebol, de uma geração sem aparato tecnológico e tampouco com ciência no esporte. E ainda assim ficou tão conhecido no mundo como Messi é hoje, jogando em um tempo em que não tínhamos o fenômeno da Globalização.

E quando se compara Messi com Maradona?

Dom Diego Armando Maradona personificou um verdadeiro tango, de um tempo em que a qualidade do drible encantava o mundo e os esquemas táticos nem tanto. Minha infância foi povoada de cenas com Zico no Flamengo e Maradona no Nápoli; e do argentino falecido ao argentino mais ilustre do futebol vivo, se compara a leitura genial do jogo.

Lionel Messi é o maior jogador do mundo, eleito pela oitava vez. É o maior da década por duas vezes. E para muitos, superou qualquer outro da história (que não passe sem registrar: na minha lista dos Top 3: Pelé, Maradona e Messi).

Messi está com seu nome registrado nas camisas albi-celestes dos jovens. Ergueu uma Copa do Mundo com um time que perdeu, pasmem, para a Arábia Saudita na abertura do Mundial do Catar. É o jogador mais utilizado nas partidas de vídeo-game. Não se envolve em escândalos. Quase nunca se machuca. É fotografado e filmado com esposa e filhos no melhor estilo "Família-Margarina". Também é um homem do marketing (a Adidas que o diga). E, além de tudo isso, joga bola.

Por ilusão, chegamos a pensar que Neymar Jr poderia rivalizar com o argentino... Ledo engano. O melhor ano no "Menino Ney", tão promissor no início de carreira, ainda foi distante do pior ano de Lionel.

Enfim: Messi entra para a história por ter conseguido absurdamente conquistado o respeitado e desejado prêmio "Bola de Ouro" da Revista France Football jogando por Barcelona, Paris Saint-German e, inimaginavelmente, pelo Inter-Miami, nessa conquista derradeira. E nessa última premiação, é fato notório que há quem conteste: na temporada, será que Haaland, De Bruyne, Mbappé ou até Vinícius Jr não jogaram mais do que ele?

Não discordaria, mas o conjunto da obra fez Messi ser premiado. Ao jogar nos Estados Unidos, fez com que seu desconhecido time (lanterna da temporada) começasse a vencer os jogos. Lotou os estádios por onde passou e virou atração na Terra do Mickey (para os latinos apaixonados pelo soccer, em especial, mais do que o icônico ratinho de Walt Disney). A propósito, a admiração a Messi por parte dos seus adversários é hilária: repare na marcação frouxa dos zagueiros (ou, muitas vezes, sem marcação alguma; afinal, alguém é louco de dividir uma bola com o ídolo e o machucá-lo?).

Messi no Inter Miami pela MLS está como Pelé no Cosmos pela NASL. Resta saber: quando teremos outra vez na história um atleta igual ao argentino, para ser justamente comparado ao Rei do Futebol?

Rafael Porcari é professor universitário e ex-árbitro profissional (rafaelporcari@gmail.com)