21 de novembro de 2024
OPINIÃO

Crédito mais barato para as indústrias

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O crédito no Brasil tem duas características marcantes: grande dificuldade de acesso e juros estruturalmente altos, fatores que sempre se constituíram num forte entrave ao crescimento dos negócios. Diante da falta de perspectivas de mudanças deste cenário, há pouco mais de um ano, Fiesp e Ciesp começaram a avaliar alternativas de para que as indústrias paulistas tenham acesso a recursos mais baratos.

O resultado do estudo acaba de ser anunciado: foi criado o Induscoop, uma parceria entre Fiesp, Ciesp e a central cooperativa Unicoob, filiada ao Sicoob, que terá soluções financeiras e linhas de financiamento mais competitivas para as indústrias de São Paulo. Em poucos dias de operação, cerca de 140 empresas foram atendidas e R$ 4,4 milhões em crédito, liberados.

Pesquisa recente de Fiesp/Ciesp com 358 indústrias paulistas revela que o apetite por crédito segue forte no segmento: 53,6% delas pretendem buscar recursos nos próximos dois anos, principalmente, para financiamento de capital de giro (21,7% das respostas) e de máquinas e equipamentos (21,9%). E mais da metade dos respondentes quer uma taxa de juros compatível com a capacidade de pagamento do seu negócio.

Esta é uma vantagem das cooperativas frente aos bancos. De fato, essas instituições têm taxas de juro mais atraentes. No Induscoop, as indústrias paulistas que querem antecipar o 13º dos funcionários, por exemplo, têm uma linha específica na qual pagarão entre 1,40% a.m. e 1,75% a.m. Na comparação com os percentuais mensais cobrados no Sistema Financeiro Nacional (SFN) as diferenças são concretas em favor das cooperativas: 2,1% contra 1,75% para capital de giro com mais de 365 dias; 13% contra 8,74% no giro rotativo; e 2,76% contra 1,9% no desconto de cheques.

As cooperativas são um instrumento eficaz para a ampliação do acesso ao crédito, com benefícios para as empresas. Entre eles, maior rentabilidade e menor inadimplência, com taxa de juros mais baratas do que existe na praça. Outro ponto positivo é que o sistema de cooperativas amplia a concorrência no mercado financeiro e, com isso, pressiona as demais instituições financeiras a diminuírem seus juros.

Dados do Banco Central mostram um crescimento sustentado e com base sólida das cooperativas no Brasil. No ano passado, assim como em períodos anteriores, os ativos do sistema aumentaram bem acima do observado no SFN. Em 2022, o total de ativos cresceu 28,6% e fechou dezembro com R$ 590 bilhões – no restante do SFN a expansão foi de 11% no ano. As captações, essenciais para suportar o aumento do crédito, também avançaram em ritmo superior ao do restante do sistema financeiro, alcançando R$ 466 bilhões.

Além disso, o quadro de associados também vem subindo de forma consistente, tanto entre Pessoas Físicas quanto Jurídicas. As Pessoas Físicas participantes passaram de 8,6 milhões, em dezembro de 2018, para 13,2 milhões, em dezembro de 2022. Neste mesmo período, o total de empresas nas cooperativas saltou de 1,3 milhão para 2,4 milhões.

Entre 2021 e 2022, o número de associados cresceu 14,5%, sendo que este avanço ocorreu, sobretudo, na base de Pessoas Jurídicas. Dessas, 90% são micro e pequenas empresas que buscam, principalmente, recursos para capital de giro, segundo o Banco Central.

Este percentual tão elevado prova que as cooperativas são uma alternativa de financiamento importantíssima para os pequenos empresários, que são a imensa maioria dos negócios do país. Mostra também que Fiesp e Ciesp acertaram ao se associar ao Unicoob para a criação do Induscoop de modo a apoiar o crescimento das empresas com mais crédito e taxas competitivas.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)