23 de novembro de 2024
Opinião

A história da casa foi alterada

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Agora os indícios de civilização e as primeiras datações da história da civilização foram mudadas. Com a descoberta arqueológica, no último dia 20, de uma estrutura de madeira, a mais antiga do mundo, com seus mais de 476 mil anos, anterior ao Homo Sapiens, na África, mais precisamente na Zâmbia, a datação da história da casa assim como a história do homem em interação com o ambiente mudou. A descoberta se espalhou no mundo cientifico.

Sobre a casa, o que se sabe sobre sua evolução é que se dá a partir de uma estrutura simples, com os materiais disponíveis no local. Assim, árvores, pedras, couro e folhas para cobertura são elementos de construções primárias.

No Brasil as ocas são monumentos de criação, engenhosidade, arquitetura orgânica e, principalmente, de outra forma de usos milenares de indígenas. Falo aqui dos Yanomami, que Claudia Andujar, nos anos de 1960, registrou pormenorizadamente e com arte fotográfica esses povos, suas crenças, sua beleza e cultura.

Mas talvez o mais antigo registro foi o de Debret que, didaticamente, mostrou em seus desenhos todos os tipos de moradia das diversas classes sociais, indígenas e das diversas origens africanas no Brasil.

Até hoje essa configuração de construção acontece, especialmente no início das comunidades, das favelas, quando a primeira ocupação se dá dessa maneira, com o material de descarte disponível na cidade. Ainda mais cruel mas não menos verdadeira, a ocupação das ruas por moradores de ruas; os abrigos são precários, mas são construções que demonstram, em nossos dias, uma involução da habitação.

Agora, em 1977, a partir de pesquisas que fiz para entender e desvendar a história dos imigrantes italianos na colônia , que na verdade é Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, não havia nada para contar , um panorama de vazios inacreditável e de falta de recursos absolutos de todo tipo para levantamento técnico, histórico e da comunidade que ali estava desde 1886, data da criação do Núcleo. Essa data era o que se tinha para começar a estudá-lo.

Essa pesquisa pioneira foi apresentada em uma grande exposição pelo centenário da imigração italiana em Jundiaí e foi editada em livro primeira vez em 1982 por Ricardo Ohtake. Em constante atualização e pesquisa, um novo livro foi editado em 2006, bem mais abrangente.

Nas conclusões pode se ler que "da contribuição de um milhão e duzentos mil italianos decorre a disseminação e difusão por todo o país de uma volumetria arquitetônica das possibilidades práticas do tijolo" que permanecem colaborando com a história da casa. Desvenda a construção da casa paulista e a história do oficio dos arquitetos (que eram chamados de projetistas). Depois desse livro, pode se ver lentamente que os museus do interior tive<ctk:-40>ram a preocupação de acrescentar tijolos e recolhê-los para exporem, e os mantem com orgulho para demonstrar a história do trabalho. Não mencionam isso, mas o t<ctk:-10>amanho era evidentemente desproporcional para ser produzido a mão, artesanalmente. E por si só é mais que um motivo para ser apreciado.

Isso pode ser visto no Museu de Atibaia, que tem uma bela coleção de peças e também no Museu do Imigrante, que depois desse livro, se apressou a corrigir esse vazio.

Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)