22 de dezembro de 2024
Opinião

O Suicídio e a Esperança

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Já há alguns anos, o mês de setembro é o escolhido para uma campanha de conscientização de um problema que aflige a nossa sociedade: o suicídio. Não se trata de algo novo e nem exclusivo do Brasil, mas, que se não for visto com a devida atenção e levado à discussão, se fortalece e rouba vidas silenciosamente, como um assassino furtivo.

Vários aspectos compõem o caminho que desemboca na escolha e na ação de um ser humano para tirar a própria vida. Seria leviano da minha parte acreditar que poderia "colocar uma pedra" sobre o assunto somente com as poucas palavras que eu uso na minha coluna de opinião, mas quero relevar um aspecto que considero de máxima importância: a Esperança

Esperança é um sentimento extremamente profundo, quase tão profundo e perene quanto o próprio Amor, que nos mostra a possibilidade de tudo "dar certo". Ela é a vela, algumas vezes pequena e singela, que enfrenta corajosamente a noite mais profunda e escura, que por vezes nos parece o verdadeiro abismo do abandono conduzindo-nos à boca do monstro, mas que a estrela de luz trata como se fosse simplesmente uma "curva" no caminho da felicidade.

Se por vezes nossos medos e nossa mente nos mostram uma aterradora capa escura, sem forma e sem substância para o nosso caminho, a Esperança ilumina com seus raios de verdadeira luz e nos diz que se trata somente de uma fase que será rapidamente esquecida, diante do brilho que veremos ao obter da nossa vontade mais cara e íntima.

Contudo, só o que a Esperança ilumina, por vezes, não é o suficiente. Têm-se que acreditar visceralmente no caminho que ela aponta. Tornar-se uno com essa luz e caminhar altivamente pela escuridão. Lembro-me claramente quando eu mesmo estava perdendo essa unidade, esse fio guia da minha vida, uma bruxa (não assustem! a palavra bruxa vem da mesma raiz de "desabrochada, desperta" - e é isso que essa pessoa é) me contou uma história que fez todo o sentido:

"Quando se viaja com um carro, em noite de lua nova, de São Paulo para Belo Horizonte" - disse ela olhando nos meus olhos - "o farol só vai iluminar os 50 ou 60 metros de estrada à sua frente. Você vai ser acompanhado da escuridão por todos os lados, por cima e por trás de você. Mais ainda, a cidade de onde você saiu vai ser engolida e não passará de uma lembrança e, por fim, você não verá a cidade que é seu objetivo por todas as horas do caminho, por mais que gostaria que isso acontecesse."

"No entanto, nunca, em momento algum, você duvida que aquele caminho iluminado pela singela luz do farol (luz de esperança!), não vai te levar exatamente para onde você quer."

Amigos(as) leitores(as), sei que conhecem pessoas que estão há algum tempo no caminho e que esqueceram por vezes do valor desta pequena luz de vela, de farol… de esperança. Façam então essa magia, por favor, de lembrá-los! Reservem meia-hora do seu dia, um fim de tarde, para uma conversa, um café, um beijo (quem sabe) e um abraço (com certeza!) onde você os lembre deste norte, desta certeza, desta referência de felicidade que a Esperança é.

Essa é uma magia poderosa, confie em mim. Pode salvar uma vida.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)