Na manhã de hoje (4) morreu mais uma vítima da explosão na empresa metalúrgica Tex Tarugos, no bairro Pinhal, em Cabreúva. Trata-se de um homem, de 21 anos, que estava internado em estado grave no Hospital Eleonor Mendes de Barros, em Sorocaba. Além dele, também morreram na explosão um homem de 46 anos e um de 25 anos. A Prefeitura chegou a divulgar nota na sexta-feira (1) mencionando que seriam quatro óbitos, mas a informação foi corrigida no sábado (2), com base nos dados repassados pelos hospitais.
De acordo com a Prefeitura de Cabreúva, 30 vítimas foram atendidas no município. Dessas, 11 estavam em estado grave e foram transferidas para hospitais da região e da Capital. HC Unicamp, HC SP, Hospital São Paulo, Hospital Estadual de Sumaré, Hospital São Vicente de Paulo de Jundiaí, Hospital Irmãos Penteado e Hospital Nossa Senhora Aparecida de Itupeva receberam vítimas.
HISTÓRICO
A investigação do acidente será feita pela Polícia Civil. Segundo a Prefeitura de Cabreúva, a empresa Tex Tarugos requereu alvará de funcionamento junto à municipalidade no final de 2020 e foi negado, devido à falta de documentos. Neste mesmo período, iniciava-se a onda mais crítica da covid-19, que pausou diversos trabalhos, inclusive fiscalizações in loco. Em 2022, retomando a 'normalidade', a equipe de fiscalização ambiental visitou a empresa e produziu relatório fotográfico, que foi endereçado à Cetesb. Após isso, a prefeitura informa que só tomou conhecimento de que a empresa havia sido multada pela companhia por meio da mídia, pois não foi notificada formalmente sobre qualquer andamento em relação ao relatório.
Procurada, a Cetesb informou que a metalúrgica Tex Tarugo foi penalizada com quatro Autos de Advertência, em 2021 e 2023, e duas multas, em 15 de agosto deste ano, por ter ampliado a sua área sem autorização e estar operando sem Licença de Operação, somando R$ 13.018,80. Na mesma data, a empresa recebeu parecer desfavorável da Cetesb por não atender exigências técnicas para regularização. Encerrado o atendimento emergencial do acidente ocorrido na última sexta-feira, a Cetesb analisa quais medidas administrativas serão tomadas.
Também estiveram na empresa auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego. A inspeção se iniciou logo após o conhecimento do acidente, com vistas à identificação dos fatores causais e de possíveis irregularidades no processo produtivo na empresa. O trabalho terá sequência até a conclusão da análise do acidente.
Durante o processo de análise do acidente de trabalho, a fiscalização analisará o arranjo físico, as matérias primas utilizadas, a disposição das máquinas e equipamentos, bem como os destroços da explosão, para análise das possíveis causas. Foram realizadas as primeiras entrevistas com representantes da empresa e solicitada a apresentação de documentos referentes aos trabalhadores acidentados, ao processo produtivo e à segurança e saúde no trabalho.
CUIDADOS
Coordenador do curso técnico em Segurança do Trabalho na Escola Técnica Vasco Antônio Venchiarutti (Etevav), Ricardo Penteado Ferreira diz que acidentes podem ser evitados se os controles de segurança forem seguidos rigorosamente. "A caldeira é como uma grande panela de pressão e demanda uma série de cuidados e tem que ter controle de tudo o que acontece o tempo todo. Inspeções jamais devem tardar de dois anos. O ideal é que anualmente haja inspeção em todas as partes."
Ricardo também diz que, na empresa, as caldeiras devem ter uma espécie de prontuário diário, além de checklists, feitos por profissionais especializados. "Os operadores devem ser bem treinados, fazer cursos para operadores de caldeira. Também deve haver sinalização adequada. Área de caldeira tem que ser restrita apenas a quem opera, qualquer descontrole pode gerar uma explosão de grandes consequências, como houve", explica.