19 de dezembro de 2025
Opinião

O Sábio Wise!

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Minha primeira viagem internacional foi para a Itália em 2000. Eu tinha 18 anos e fui sozinha, com a intenção de passar 2 anos. Na época, levei traveler cheques, liras italianas contadas para 1 mês na doleira debaixo da roupa, um cartão de crédito internacional para o qual meus pais avisaram o gerente com mais de 10 dias de antecedência para que estivesse liberado quando chegasse em Florença. Não sabia como ligaria para casa, nem como chegaria até a casa onde eu moraria, não sabia como me comunicaria com meu namorado brasileiro e nem meus pais sabiam como me mandariam dinheiro para os meses seguintes. Eu tinha um guia impresso da Itália, um dicionário italiano-português, um livrinho de expressões coloquiais e um caderno com muitas informações e dicas de quem já havia viajado antes. Lembro-me de ter aberto uma conta no extinto Banco Popolare e de meus pais passarem horas no Banco do Brasil para conseguir enviar o dinheiro mensal. Eu passava todos os dias na lan house para mandar e-mails para o meu namorado e uma vez gastei 400 dólares para falar 20 minutos no telefone com ele.

Embora eu tenha viajado bastante nesses 23 anos e acompanhado a evolução dos cartões de crédito internacional pré-pagos, dos celulares em roaming, dos bancos que funcionam fora do país, das ligações por Skype, WhatsApp, Wi-Fi, apps de transporte, de mapas, de guias, de museus e tradutores no celular; em nenhuma delas eu fiquei tão impressionada quanto nessa última viagem, usando o Wise.

O Wise é um aplicativo de transferência de moedas internacionais, é uma evolução da TransferWise, que até 2021 era uma referência principalmente para imigrantes que mandavam recorrentemente recursos para os seus países de origem. A transferência era digital, através de correspondentes bancários, e o dinheiro demorava rápidos 2 dias para chegar até o destinatário. Em 2021, a empresa se modernizou, criando um app, o Wise, onde em 5 minutos se abre uma conta internacional válida para 50 moedas, com acesso a um cartão digital que pode ser usado por aproximação em qualquer lugar. Eu já havia viajado com cartões pré-pagos que eram super interessantes para substituir as doleiras. Eram mais seguros e diminuíam consideravelmente as taxas, já que o câmbio era o do dia e não incidia IOF. Mas também lembro-me de que se o dinheiro acabasse, eu precisava pedir para alguém do Brasil ir até uma casa de câmbio e fazer o depósito fisicamente (já que praticamente nenhum internet banking funciona em outro VPN) ou usar o cartão de crédito e rezar, porque certamente a fatura viria com um estouro, com IOF de quase 7%, taxa de câmbio bizarra e custo adicional do uso do cartão fora do país. Pois dessa vez, a experiência foi incrível: ao chegar em Londres, com o Wi-Fi do aeroporto, ativei com um clique o aviso de viagem dos meus bancos digitais, passei dinheiro para o Wise pagando um câmbio de cerca de R$90 por libra mais barato do que o mercado, com uma taxa de administração ridiculamente barata pelo conforto que agrega, sem IOF e sem surpresas! Acho que nenhuma startup que conheço até agora escolheu um nome tão coerente com sua entrega.

Elisa Carlos é engenheira, especialista em inovação, head de operação (elisaecp@gmail.com)