Os números do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começam a ser consolidados, sendo a população o primeiro dado divulgado. No entanto, há divergências significativas entre a prévia das populações divulgada pelo IBGE e os números que agora constam no IBGE Cidades, portal do instituto que compila dados de cada município do país.
Hoje, de acordo com o Censo 2022, há na região 843.514 habitantes nos municípios de Jundiaí (443.116), Cabreúva (47.011), Campo Limpo Paulista (77.632), Itupeva (70.616), Jarinu (37.535), Louveira (51.833) e Várzea Paulista (115.771).
DIFERENÇAS
De acordo com a prévia, porém, divulgada em dezembro do ano passado, a região teria 878.678 habitantes, divididos entre Jundiaí (459.789), Cabreúva (45.941), Campo Limpo Paulista (81.355), Itupeva (72.711), Jarinu (40.302), Louveira (53.526) e Várzea Paulista (125.054).
O número mostrava crescimento de 25,7% em relação às projeções feitas pelo IBGE durante o hiato entre o último Censo, produzido em 2010, e o resultado do levantamento feito ano passado. Na projeção de 2021, a região tinha 835.251 habitantes em Jundiaí (426.935), Cabreúva (51.130), Campo Limpo Paulista (86.407), Itupeva (64.330), Jarinu (31.173), Louveira (51.007) e Várzea Paulista (124.269).
REFLEXO
Um dos municípios da região mais afetados pelo resultado consolidado do Censo foi Campo Limpo Paulista, que entrará com uma medida cautelar contra o IBGE. Através de nota, a Prefeitura de Campo Limpo Paulista informa que "as projeções orçamentárias do município já foram feitas e a perda de repasses será de cerca de R$ 200 mil ao mês."
Ainda, em nota, a Prefeitura de Campo Limpo Paulista informa que o decréscimo populacional não era esperado. "Em dezembro, saiu no Diário Oficial da União uma parcial do IBGE contabilizando cerca de 81 mil habitantes em Campo Limpo Paulista. Nos dados divulgados ontem (quarta-feira), a população é de 77 mil. Ou seja, 4 mil pessoas a menos."
EXPLICAÇÃO
Para o cientista social Samuel Vidilli, o problema dessa inconsistência é a "previsão". "Não vejo muito a pandemia como um problema em relação a essa diferença nos números, apesar de ter tido um número grande de mortes no período. O problema é divulgar prévias. O Censo é totalmente científico e deve ser assim, para não termos dados subjetivos. Com uma prévia, você trabalha com dados estimados. Projeção não é Censo."
Vidilli também considera outros fatores, como a negação à ciência e a produção do Censo em si. "Também vivemos um momento terrível para a ciência e a negação de que ela funciona. Com isso, teve muita gente que não respondeu ou respondeu propositalmente errado. Houve corte de gastos do Censo, o que também gera problemas."
Ainda assim, ele credita ao Censo dados com base científica. "Só o Censo fala com toda a população. Mesmo com os problemas, nosso Censo é um dos melhores do mundo. O errado é fazer uma prévia de uma pesquisa de campo que está em curso."