O irmão em Cristo e amigo padre Leandro Megeto é um desses espíritos inquietos, que acaba mobilizando todos à sua volta com medidas iguais de liderança, alegria, carinho e autoridade. Como todo inquieto, um sonhador. E como todo sonho cativa, eis um pastor que tem apoio total de seu rebanho.
Bem, há alguns anos à frente da paróquia que frequento (e na mesma comunidade neocatecumenal), já me acostumei com seus rompantes idealísticos. Graças a seu carisma, porém, suas ideias são sempre bem aceitas pelo povo que o cerca.
Como toda ideia pode e deve ser aprimorada, os rompantes do padre passam por processos de discussão. Ele dá a ideia: cabe a quem a escuta aprimorá-la, viabilizá-la, sugerir outras opções.
Quando ele reuniu um grupo de paroquianos com a ideia de fazer uma peça que tivesse como fundo a Via Sacra de Nosso Senhor, muitos de nós achamos inviável. Eu até tentei dissuadi-lo, mas - ah, carisma! - todos acabamos sendo convencidos. Se não agora, quando?
Assim surge um trabalho idealizado por ele e refinado por tantas pessoas. Eu dei minhas sugestões também. O objetivo dessa então montagem teatral seria arrecadar fundos para que os jovens da paróquia pudessem ir ao encontro de Sua Santidade o papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, que vai acontecer no segundo semestre agora.
E assim decidiu-se não por uma Via Sacra, mas por uma encenação musical. Os belos cantos do Caminho Neocatecumenal (movimento católico de formação, criado há mais de 50 anos na Espanha e com raízes sólidas em nossa diocese e em tantas outras do mundo) seriam encenados, tendo como fio condutor a Paixão de Cristo, desde as lágrimas no monte das Oliveiras até Sua Ressurreição.
Padre Leandro acatou. Fomos à luta! Costureiras, maquiadores, cenógrafos, marceneiros, orquestra, coro, instrumentistas. Todos voluntários. Os atores e alguns cantores, além do serviços de bastidores estariam a cargo dos jovens peregrinos.
Ensaios exaustivos, perseverança. Alguns estresses. Mas entre mortos e feridos, todos se salvaram.
Chegou a noite de estreia. Oito de abril de 2022.. Sucesso instantâneo. Mais do que ajuda financeira, o evento mostrou o poder evangelizador da arte. A união pelo sucesso dessa empreitada, os laços criados entre os jovens, depois de dois anos da cruenta pandemia que a todos assolou. O espírito de união da comunidade para que o evento fosse bem feito. Tudo correu da melhor maneira possível.
Tanto que tivemos a oportunidade de reapresentar o fruto desses esforçõs, semana passada, em duas sessões no majestoso Polytheama.
O que estava bom ficou melhor. Presentes, além de autoridades civis, nosso bispo diocesano Dom Arnaldo Carvalheiro Neto e Dom Vicente Costa, emérito. Apresentações quase todas lotadas.
E mais presente ainda o espírito de união. O amor entre os irmãos.
Um evento que é, desde ontem, parte do calendário municipal de Jundiaí. Prova de sua importância para o povo católico de nossa cidade. Testemunho do amor de Deus. Materialização de um sonho cativante da mente inquieta de um padre que sempre contará com o apoio de seu rebanho.
Samuel Vidilli é cientista social (svidilli@gmail.com)