21 de dezembro de 2024
Opinião

O fantasma da depressão

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Por muitos anos acreditou-se que a depressão era nada mais do que um estado de tristeza prolongado. Algumas vezes na minha carreira médica presenciei colegas fazendo pouco caso das queixas melancólicas de pacientes francamente depressivos, pois acreditavam que dependia somente da força de vontade deles para melhorarem.

Depressão existe. Não se trata de um estado de tristeza prolongado. Quem tem depressão precisa de ajuda para retomar o controle do  próprio humor,  do contrário tudo em sua vida será contaminado de pessimismo,  perda, culpa e  rancor  de modo a condenar a  própria história de vida ao abandono e à falta de amor.

Quem tem depressão precisa ser ajudado com um tratamento;  não se trata de simplesmente dar consolo, como  para uma com tristeza.

A tristeza é uma emoção comum onde pesamos o processo de "corte" ou separação de algum objeto pelo qual tínhamos afeto. Assim,  por exemplo,  se eu gosto realmente da caneta que estou segurando na minhas mãos e, por algum motivo, ela para de funcionar e eu tenho que jogá-la fora, dou início em mim a um processo de luto, advindo da desconexão energética que devo fazer entre o meu campo e a caneta. Assim ela deixa de ser "a minha caneta" e passa a ser somente um objeto a ser reciclado.

O lugar que ela ocupava dentro da minha "grade" energética ficará vazio durante um tempo e então eu sentirei a falta de algo que ocupava aquela posição. Algum tempo depois, contudo, com fatos do cotidiano e de novas canetas, a circulação energética naquele setor do campo é restabelecida. O luto termina e fica a lembrança da caneta, mas sem que ela desperte emoções negativas no meu sistema.

A depressão é um estado doentio, calcado em frustração e rancor (originários de desilusões localizadas no passado) aliados a uma sensação de incapacidade, impotência e até incompetência de realizar-se na vida. Quem está depressivo não vê perspectiva de melhora, nem que algo possa ajudá-lo a sair daquela situação. Não adianta ser "consolado" pois está desconectado da possibilidade de obter algum prazer em qualquer coisa.

Energeticamente, apresenta-se como uma "massa negra", tal como nuvem, aderente no campo ao redor dessa pessoa,  ancorada nos fatos do passado e em frustrações que utiliza como justificativa para a sua presença. Essa "entidade" que se alimenta da energia que a pessoa usaria para viver o próprio presente e criar algum futuro para si.

No fim, nada resta, somente uma casca vazia e mesmo o autoextermínio passa a ser uma opção, quase como um ato de misericórdia para cessar um sofrimento sem fim, por não se ver a luz.

Se você conhece alguém assim, ofereça uma ajuda efetiva: faça com que ele encontre algum tipo de tratamento! Isso irá ativar a circulação energética, trazendo esperança e um sentido para o sistema energético falido, possibilitando se livrar do peso que só drena a vida de forma incessante.

Alexandre Martin é médico acupunturista, tem formação em osteopatia e medicina chinesa (xan.martin@gmail.com)