25 de dezembro de 2025

Walmor Barbosa Martins

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Jundiaí perdeu um de seus maiores. Um prefeito que conhecia a cidade e seus moradores. Que visitava as escolas e todos os bairros. Sabia cultivar as lideranças espontâneas, não apenas com interesse político. Pensava grande. Era amigo da tradição. Em sua primeira gestão, de 1969 a 1972, homenageou milhares de famílias, reverenciando seus ancestrais em logradouros públicos até então inominados.

Sabia encantar pessoas de distinta formação. Causeur, era bem-humorado e em torno a ele, onde estivesse, juntava-se um entusiástico auditório. Impunha-se junto às autoridades estaduais e federais. Por isso conquistou a amizade de Orlando Zancaner, Secretário do Turismo, depois Senador e, finalmente, Conselheiro do TCE. Também era amigo de Franco Montoro, que iniciou sua campanha para o governo aqui, terra de D. Lucy. Era recebido no Palácio Bandeirantes por Roberto de Abreu Sodré à hora em que quisesse, mesmo sem agenda prévia. O governador Sodré veio inaugurar o imponente edifício do Fórum, em sua primeira gestão.

O Presidente Costa e Silva paraninfou a maior turma de diplomandos do Mobral, em cerimônia no Ginásio de Esportes Dr. Nicolino de Lucca, algo que levou Jundiaí ao noticiário internacional.

Antes disso, foi vereador combativo e destemido. Sabia fazer uma oposição inteligente e elegante. Sua eleição renovou o quadro local e ele se mostrou um trabalhador infatigável. Era o primeiro que chegava à Prefeitura, então na Barão de Jundiaí, ao lado da Pauliceia. E o último que saía. Tinha planos colossais para a sua cidade. Incentivou a vinda de novas indústrias com o Planidil. Mas foi um gestor competente. Que o digam as avenidas Samuel Martins, Antonio Segre e Alexandre Fleming, a esplanada Monte Castelo, o morro do Escadão, o Corpo de Bombeiros, a praça do Campo do Paulista, a rua Marcílio Dias, as estradas do Traviú e do Caxambu, o Jardim Danúbio, o Parque Brasília, as ruas Marcílo Dias e Itirapina.

Inaugurou o planejamento em Jundiaí, antes mesmo que a ideia fosse adotada pelo governo federal. Criou o DAE, implementou saneamento básico, instalou o velório municipal. Multiplicou parques infantis e escolas.

Era amigo da educação. Em sua primeira gestão, instalou a Escola Superior de Educação Física, inovou arquitetonicamente com a Escola-Parque Luiz Bárbaro, concluiu a Faculdade de Medicina e novas dependências para o Grupo Escolar da Colônia, de Jundiaí-Mirim, Vila Hortolândia, Vila Rami, Rio Acima, Vila Maringá, Jardim Tarumã, Jardim Pacaembu. O Siqueira de Morais ganhou novo prédio, assim como o Ana Pinto Duarte Paes na Ponte São João. A Câmara Municipal ganhou sede nova, projeto Maitrejean, ofereceu prédio aos Correios e Telégrafos, doou o terreno para o SESI, adaptou o prédio da Justiça do Trabalho. Cuidou da saúde, captando água do Rio Atibaia e construindo o reservatório subterrâneo do Anhangabaú. Construiu ala nova para o São Vicente e inaugurou o Pronto Socorro Municipal e unidades de saúde integrada.

Era um ecologista. Arborizou as ruas. Conhecia o nome científico de cada árvore. Construiu Centros esportivos: Jardim Santos Dumont, Vila Rio Branco, Vila Rami e uma infinidade de obras.

Esse prefeito acreditou na juventude. Levou um jovem na casa dos vinte anos para ser seu Secretário-Particular. Deixou que ele exercesse várias funções, substituindo os Secretários quando em férias ou ausentes. Daí a minha dívida eterna em relação a esse homem que se conservou idealista durante toda sua profícua existência. Faz parte da melhor história que Jundiaí já viveu.

José Renato Nalini é jundiaiense, foi Secretário-Particular de Walmor Barbosa Martins na gestão de 1969 a 1972 (jose-nalini@uol.com.br)