23 de novembro de 2024
ARTIGO

O feriado, o sagrado e a saúde

Por Alexandre Martin | Revista Hype
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Alexandre Martin

Segundo a medicina tradicional chinesa o campo energético do ser humano é o resultado da soma e harmonização de energias provenientes do “Alto”(que poderíamos chamar de energias cósmicas) e as energias que provém da própria Terra ( as quais podemos chamar de telúricas)

Com isso, o campo energético humano não é uma potência estática e isenta de mudança; ela se transforma conforme os ciclos do planeta, sendo um dos mais marcantes para o homem a mudança das estações.

Esse conhecimento deveria influenciar várias coisas na vida do homem, desde a alimentação até os seus hábitos de trabalho; no verão temos mais horas de sol e por conta disso podemos ficar ativos durante um período maior do que comparado ao período do inverno, onde o tempo de insolação é bem menor.

Esse conhecimento é muito antigo e se difundiu não só no oriente, de onde provém a medicina chinesa e acupuntura, mas das tradições mais antigas do ocidente. De fato, podemos observar resquícios desse conhecimento nas diferentes datas comemorativas do ano. Uma, em particular, onde essa influência é bem notável é o nosso feriado de Natal.

O dia 25 de dezembro é sempre próximo do solstício de verão, ou seja, o momento de transição entre as estações, onde ocorre o dia mais longo do ano e a noite mais curta. Esse ponto marca o início do verão, que é a estação mais quente, na qual a terra receberá a maior quantidade de raios do sol, aquecendo-a e vitalizando para um período de colheita e fartura.

Não é por coincidência que é escolhida essa época do ano para comemorar o nascimento de Cristo, personagem que na egrégora cristã, é o messias, aquele que traz a luz do mundo. Nada mais adequado que o seu nascimento marque o período de maior iluminação para o hemisfério!

Nessa mesma época nós podemos observar que o sol no seu poente, se encaminha cada vez mais a oeste. Até que, em um momento próximo da época de Natal, ele estanca essa caminhada por 3 dias aproximadamente, retornando após à um poente cada vez mais ao leste, reflexo do movimento de translação do planeta em relação ao astro-rei, o sol.

Existem várias lendas e tradições, mesmo no hemisfério ocidental, que tratam esse fenômeno como sendo uma analogia da descida da luz (símbolo da vida) às profundezas frias (o inverno)  e o retorno da mesma para revitalizar a terra após 3 dias de permanência  em um lugar escuro e sombrio. Qualquer semelhança com a história do próprio Cristo e outros heróis não é mera coincidência.

Uma das histórias mais antigas que se tem notícia envolvendo esse fenômeno astrológico é a lenda de Lilith, na antiga Mesopotâmia. Interpretações dessa mesma lenda levaram a outras histórias heroicas como a do Semideus Hércules na Grécia antiga  e mesmo o mito de Hórus e Ísis no Egito.

O que é há de tão importante nesses fenômenos para que eles possam ser ritualizados e anexados às diferentes religiões ao longo dos milhares de anos do desenvolvimento da civilização humana? Acontece que para o homem viver com boa saúde e integração com seu meio ambiente ele precisa respeitar os ciclos da natureza e conhecê-los.

É muito comum quando as pessoas iniciam a prática de observar mais a natureza elas se tornem mais focadas naquilo que querem e, como eu costumo dizer, a vida do indivíduo volta para os eixos. Quando se está desligado do meio que cerca, pode-se esperar que coisas absurdas ocorram, como uma colheita farta no meio do inverno.  A frustração neste caso é garantida.

É comum as pessoas me procurarem no meu consultório com queixas de memória fraca, baixo rendimento no trabalho mas, na realidade, elas estão consumidas pelo estresse e pelo trabalho ininterrupto que não respeita nem o próprio corpo em nenhum momento de vida em que se encontram.

Ao ficar mais atento aos ciclos da natureza e comemorar a mudança de cada estação evita-se buscar metas impossíveis ou adiantar a ordem das coisas.

Dando atenção a esses atos a nossa saúde melhora muito. Esse pensamento é o meu presente de Natal a todos os meus queridos leitores que me acompanham ao longo de anos nestas páginas! Desejo além de saúde, muita sabedoria para entender o momento de vida de cada um!

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e osteopatia