23 de novembro de 2024
RECEITA

Geleia de pitanga

Por Sonia Machiavelli | Especial para a Sampi
| Tempo de leitura: 3 min

Ingredientes

Pitanga é o fruto da pitangueira, árvore de origem brasileira, nativa da Mata Atlântica. Pequenino, delicado, exibe  desenho bonito, redondo e achatado nas extremidades, com uns gominhos desenhados na superfície. Mede de dois a três cm de diâmetro. Tem sabor agridoce, polpa aquosa, rosada e muito perfumada. A casca varia do alaranjado ao vermelho. O vocábulo “pitanga”, criado pelos índios da etnia tupi-guarani, significa “vermelho”. Tal  coloração se deve à presença de licopeno, antioxidante eficaz ao organismo humano.

A pitangueira é usada como árvore ornamental em várias cidades brasileiras, seja pela beleza da copa, da sombra que produz, dos frutos que atraem pássaros. Franca tem muitas pitangueiras em suas vias públicas. Como elas frutificam de outubro a janeiro, os francanos podem se deparar em vários bairros com calçadas coalhadas de frutinhas vermelhas nesta época do ano. Foi o que aconteceu comigo, ao sair do Studio Saúde, da Carla Granero, onde faço Pilates. Olhei para baixo e vi centenas de pitangas pintando o chão e algumas crianças ao redor. Elas puxavam os galhos mais baixos e colhiam as frutinhas. Eu já estava quase chegando ao lugar onde havia estacionado meu carro quando me deu um "eureka" e voltei. Passei pelos meninos, entrei de novo no prédio e pedi à minha instrutora Lara uma vasilha para também apanhar pitangas. E de caneca em punho fiz minha colheita, o equivalente a cinco xícaras de chá. Lastimei não ter uma tigela grande. As pitangas eram muitas e iriam se perder no chão, irremediavelmente.

Voltei para casa pensando se iria consumi-las ao natural, se obteria suco, se tentaria o licor, se produziria sorvete, se faria geleia. Quando entrei na cozinha, já havia me decidido. Faria geleia, pois no dia anterior havia feito uma de cagaita, fruta também linda; exótica para nós paulistas e comum em Goiás, Minas e Nordeste.

Lavei s pitangas várias vezes sob água corrente. Depois coloquei numa panela com um pouquinho de água, bem pouco mesmo. Deixei cozinhar cinco minutos. Depois de mornas, passei-as pela peneira de trama fina, para eliminar as sementes e obter apenas a polpa. Rendeu quatro xícaras. Descasquei uma maçã, cortei em cubos, juntei à polpa. Coloquei no liquidificador e bati por dois minutos. Coloquei na panela e agreguei  o açúcar, mexendo bem.  Assim que levantou fervura, baixei o fogo no mínimo e deixei ferver por meia hora, panela destampada, até chegar ao ponto. Para saber que ponto é esse, coloque uma colherinha do doce num pires que esteja gelado e vire para ver se escorre. Se não escorrer, desligue o fogo que a geleia está pronta. Coloque em vidros esterilizados, ou seja, lavados, secos e deixados por um minuto no microondas. Duram seis meses antes de serem abertos. Depois disso, precisam ser mantidos em geladeira. Com os ingredientes listados, obtive dois potinhos médios.

Sobre a maçã entrar na receita, explico. Para alcançar a textura que a distingue, toda geleia precisa de pectina, encontrada na maçã, especialmente na casca, mas também no maracujá, naquela película branca que fica entre as sementes comestíveis e a casca. Para não modificar o sabor da pitanga, preferi usar maçã.

Geleia de pitanga vai bem com queijos, torradas, pães, bolos, bolachas. Fica bonita e muito gostosa. Se houver uma árvore perto de sua casa, aproveite que vale a pena.