16 de julho de 2024

Eusébio de Cesareia

Por Mario Eugenio Saturno | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Mário Eugênio Saturno

O Papa Bento XVI considerou Eusébio, Bispo de Cesareia na Palestina, como o representante mais qualificado da cultura cristã do seu tempo, da teologia à exegese, da história à erudição. Eusébio é conhecido como o primeiro historiador do cristianismo, mas foi também o maior filólogo da Igreja antiga.

Eusébio nasceu em Cesareia no ano de 260. Estudou na escola e vasta biblioteca fundada por Orígenes, que fora destituído do sacerdócio e expulso de Alexandria pelo bispo dali.

Em 325, era Bispo de Cesareia e foi protagonista no Concílio de Niceia. Subscreveu o Credo e a afirmação da plena divindade do Filho de Deus, por isso definido "da mesma substância" do Pai. Ainda rezamos este Credo em missas especiais e que compartilhamos também com os protestantes. Ele era admirador de Constantino, que trouxera paz à Igreja.

Seus muitos escritos analisam três séculos de cristianismo, vividos sob a perseguição, servindo-se das muitas fontes cristãs e pagãs conservadas na grande biblioteca de Cesareia. Foi o primeiro que escreveu a história da Igreja, que permanece fundamental graças às fontes colocadas por Eusébio à nossa disposição para sempre. Com os dez livros da sua História Eclesiástica ele conseguiu salvar do esquecimento certo numerosos acontecimentos, personagens e obras literárias da Igreja antiga. Portanto, trata-se de uma fonte primária para o conhecimento dos primeiros séculos do cristianismo.

No início do primeiro livro o historiador elenca pontualmente os temas que deseja tratar na sua obra: Propus-me pôr por escrito as sucessões dos santos apóstolos e os tempos transcorridos, a partir dos do nosso Salvador até nós; todas as coisas grandiosas que se diz que foram realizadas durante a história da Igreja; todos os que dirigiram e orientaram excelentemente as dioceses mais ilustres; os que, em cada geração foram mensageiros da Palavra divina com a palavra ou com os escritos; e quais foram, quantos e em que período de tempo os que por desejo de novidade, depois de terem caído ao máximo no erro, se tornaram intérpretes e promotores de uma falsa doutrina, e como lobos cruéis devastaram ferozmente o rebanho de Cristo; e com quantos e quais meios e em que tempos foi combatida por parte dos pagãos a Palavra divina; e os homens grandes que, para a defender, passaram através de duras provas de sangue e de torturas; e finalmente os testemunhos do nosso tempo, e a misericórdia e a benevolência do nosso Salvador para com todos nós.

Desta forma, Eusébio inaugura a historiografia eclesiástica, levando a sua narração até 324, ano em que Constantino, depois da derrota de Licínio, foi aclamado único imperador de Roma. Estamos no ano anterior ao grande Concílio de Niceia, que depois oferece a "suma" de quanto a Igreja doutrinal, moral e também juridicamente tinha aprendido nestes trezentos anos.

A análise histórica nunca é fim em si mesma, não é feita só para conhecer o passado, antes, ela tem por finalidade decididamente a conversão, e um autêntico testemunho de vida cristã por parte dos fiéis. É uma guia para nós mesmos.

Mário Eugênio Saturno é tecnologista sênior e congregado mariano (mariosaturno@uol.com.br)