22 de dezembro de 2024

Pensem

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Existe uma pequena história política que foi contada por Claudio Lembo, que foi vice Presidente da República, e merece ser lembrada às vésperas de uma eleição presidencial.

Dizem que pessoas ligadas ao saudoso presidente Juscelino Kubitschek, o fundador da capital federal Brasília, em reunião com o primeiro ministro de Portugal, Salazar, aconteceu um amistoso diálogo, que merece ser repetido, agora que a campanha presidencial no Brasil chega a seu final.

Salazar teria dito a Juscelino: "Presidente, o senhor já se apercebeu que nossos povos têm grandes romancistas, notáveis poetas, grandes músicos, grandes craques de futebol, mas não contam com um grande filósofo, sequer? Um pensador de renome internacional?

Não sabemos se esta afirmação é verdadeira ou mera alegação frágil. A verdade que maioria de nós, desde a tenra idade, não fomos criados para pensar. Tão somente obedecer. Fomos criados para aceitar dogmas sem qualquer contestação, sem crítica, sem qualquer trabalho. A verdade era imposta pela autoridade que assumia o poder ou religiosa, e tínhamos que acatar. Nunca tentávamos pensar por nós mesmos por que tais dogmas existiam. Em nossa história, a razão nunca teve destaque importante. A pura verdade. Sempre todos eram proibidos de pensar e por isso jamais conseguiam atingir suas próprias verdades. Faltou, como disse Lembo, uma Renascença Italiana ou um Iluminismo. No Brasil sempre conhecemos o preceito da fé absoluta. Repousamos sempre nosso espirito na verdade absoluta. Lembrem se dos tribunais inquisitoriais. Matavam se em nome de Deus. Acesso aos livros, nem pensar. Buscar múltiplas verdades, era proibido. Tudo isso nos transformou ao longo de todos estes anos em campo de provações. Sempre uns pouco mandavam e todos tinham que obedecer.  Sempre faltou crença na razão. Confrontos em pensamentos diversos jamais tiveram espaço.

Desde a chegada dos europeus tudo foi cerceado e falseado. Agora, no entanto, com o advento das redes sociais, do celular nas mãos, do acesso aberto a todas as informações possíveis e inimagináveis, os detentores do pico da pirâmide mostram-se assombrados. Quando mais de 160 milhões de eleitores tornando-se realidade – cada cidadão, um voto, exorciza-se a humilhação que nos impunham. Como leciona Nietzsche: a perfeita liberdade do indivíduo pressupõe que ele não se escravize a nenhuma verdade supostamente absoluta e definitiva. Tenho a impressão que os eleitores brasileiros começam a caminhar. Figuras políticas que deveriam estar desenhadas no álbum das desgraças passadas não se reelegeram. Amostra que não se ignorou o que aconteceu no passado. Um novo congresso emergiu com as urnas do primeiro turno. Um Senado fortalecido do Sergio Moro e Hamilton Mourão. Marcos Ponte<ctk:20>s, Magno Malta, Damares Alves, Tereza Cristina, pessoas que combateram firmemente a corrupção no dinheiro público. A grande verdade que os brasileiros caminharão por si só. Vamos neste domingo eleger o Presidente da Republica para um mandato de quatro anos. Não pensem em nós! Pensem em nossos filhos e netos. Basta de corrupção! 

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)