26 de dezembro de 2024

40 anos da Pastoral da Mulher

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No dia 12 de outubro, a Pastoral da Mulher – Santa Maria Madalena, que tem hoje como coordenadora diocesana a Rosemary Gentil Ormenesi e assessor espiritual o Padre Márcio Felipe de Souza Alves, completou 40 anos.

Nasceu em frente da Catedral, quando o querido Dom Roberto Pinarello de Almeida, nosso segundo Bispo Diocesano, chegava para celebrar a Missa das 18h15 e me aproximei dele. De imediato, ouvimos um alarido. Quatro mulheres, em situação de vulnerabilidade social, passaram correndo e aos gritos após serem atingidas por saquinhos de urina, jogados por rapazes de um carro vermelho importado. Dom Roberto olhou com compaixão e me pediu que iniciasse, na Diocese, a referida Pastoral. Ao final da Missa, indicou me orientar com o Fr<ctk:10>ei Jean Pierre Barruel de Lagenest, dominicano, residente em São Paulo, falecido em 2015, que pesquisou o lenocínio no Brasil e anos mais tarde fundou a Pastoral da Mulher Marginalizada

Na semana posterior, encontrei-me pela primeira vez com Frei Barruel, que veio diversas vezes a Jundiaí e, às quartas-feiras, ao sair do trabalho, ficava sentada na praça em conversa com as mulheres. Isso aconteceu durante três anos. Logo em seguida, se fez presente, para somar à convivência e à compreensão das histórias das mulheres, o inesquecível Dom Joaquim Justino Carreira, na época Vigário Paroquial.

Na experiência pessoal com essa Pastoral, três sinais me vieram fortes: ganhei de Dom Roberto um anel cuja pedra é de lava de vulcão. Disse que jamais permitisse que meu coração endurecesse e que ele ardesse sempre por Jesus Cristo e os mais empobrecidos. Dom Joaquim me ofereceu uma imagem de Santa Teresa de Calcutá, ainda não canonizada, com a frase: "Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las". Madre Mestra, Irmã Maria Inês, no mundo Odete Trippe, do Carmelo São José – somos filhas do Carmelo também – me ofertou o livro "Intimidade Divina" do Padre Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD (1893-1953), que me leva, todos os dias, à oração mental, a partir da espiritualidade carmelitana. Era o que eu necessitava para caminhar com as mulheres em situação de vulnerabilidade social e entender que Deus me chamara para estar com elas com o propósito de caírem as máscaras de meu orgulho. Conversar com Deus todos os dias, ter um coração de carne e ardente de amor pelos empobrecidos e empobrecidas e partir para a ação. Meu instrumental de trabalho, às vezes deixado de lado, mas que o Senhor rapidamente recupera. Deus fez mais por mim do que eu por elas nestes 40 anos.

Ao comentar sobre os 40 anos, no Facebook, uma das integrantes deu seguinte testemunho: "Não muito tempo após esse dia, eu conheci a Associação Maria de Magdala (trabalha com o acolhimento e empoderamento de mulheres). Fui levada por minha irmã de coração, Kátia, a fim de almoçar, pois éramos trabalhadoras do sexo. Senti, naquele momento, um acolhimento, como se aquele fosse meu lugar. (...) Foi aí que se deu o primeiro milagre na minha vida: conheci a Jesus Cristo.  A mudança não se fez de imediato... A transformação começou a partir do cárcere. Fui para longe, mas elas me seguiram. Nunca me abandonaram nos dias de escuridão e tristeza".

Bendito seja o Senhor do Céu por caminhar conosco!

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista