24 de dezembro de 2024
MÚSICA

“Criança é vida e a gente não se cansa de ser pra sempre uma criança...” – Toquinho

Por Mariana Checoni | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 6 min
Arquivo Pessoal
Júlia Kumakawa e professora Luciana Nagumo

A música está presente em muitos momentos na vida de um ser humano. Principalmente quando é incluída na infância podendo oferecer benefícios na aprendizagem e no desenvolvimento da criança.

Por exemplo, o hábito de tocar canções para bebês que ainda estão no útero materno pode contribuir para o aprendizado de linguagem da criança no futuro. É o que sugere um estudo finlandês publicado na revista Plos One. De acordo com a pesquisa, crianças expostas à músicas ao longo da gravidez das mães são capazes de reconhecer a melodia mesmo alguns meses após o parto. O resultado indica, portanto, que o cérebro do bebê é capaz de guardar memórias de longo prazo adquiridas ainda dentro do útero materno – o que contribui para o aprendizado da linguagem.

A regente e diretora musical do Coral Municipal de Jundiaí, Madrigal Vivace, Astra, Canarinhos da Terra – Unicamp, Canarinhos da Terra – Núcleo Jundiaí e Coral Infantil Azul e Branco, Vasti Atique, comenta sobre a importância da música para as crianças. “A música tem uma enorme importância na vida das crianças, pois desenvolve a escuta, a criatividade, a sensibilidade, coordenação motora e rítmica, concentração, memória, trabalho em grupo e muitas outras competências que ajudarão as crianças se tornarem adultos mais completos e felizes”, explica.

QUEM CANTA SEUS MALES ESPANTA

Gabriel de Carvalho Bertolo Queiroz, 7 anos, participa desde a gestação de atividades culturais relacionados à música, teatro e cultura em Jundiaí e São Paulo. A mãe, Karina Barbosa de Carvalho Bertolo Queiroz é professora universitária e atriz, por isso a influência musical veio desde cedo. “Sempre priorizei e incentivei a música e a arte em casa, desenvolvendo habilidades muito importantes para a formação do seu caráter como ser humano. A música é fundamental para o desenvolvimento do ser humano, criando pessoas mais empáticas, onde ele observa o mundo de uma forma mais humana, contribuindo para diminuir medos, ansiedades”, revela.

O menino, que também faz aulas de violão, canta no coral infantojuvenil da Prefeitura. “A irmã do Gabriel faz coral desde 2020 e ele sempre observava os ensaios e queria participar, por esse motivo o inscrevemos no coral”, conta Karina.

De acordo com Gabriel, a música é muito importante em sua vida. “Eu gosto de cantar e de tocar. O meu maior sonho é ser profissional em violão e tocar no Polytheama”, conta.

O dom e o sonho do canto levou a jovem Ana Laura Moretti, de apenas 8 anos, a cantar no programa do Raul Gil. “Fiz a inscrição no programa em março e, em abril, a produção entrou em contato comigo e gravamos o programa no final de maio. Ela nunca tinha participado de nenhum programa de televisão e foi um dia muito especial. Fazer ensaio, cabelo, maquiagem e figurino nos estúdios, muitas câmeras e luzes, mas ela entrou e fez tudo conforme o ensaio, não se incomodou com as câmeras nem com a platéia, com certeza é um dia que ficará guardado na memória”, conta a mãe Rose Mary Moretti, 32 anos.

A mãe conta que a filha sempre gostou de cantar, desde que aprendeu falar. “Ela não toca nenhum instrumento, mas quer aprender teclado. A Ana sempre me pedia para fazer aula de canto e eu falava para esperar até ser mais velha. Ela demonstrava vontade e nós sempre incentivamos. Começou a fazer aulas do coral em fevereiro deste ano e vimos o dom e a paixão dela. A música ajuda muito a criança a ter mais confiança em si mesma, na socialização e na concentração, além de se divertir”, revela.

“Para mim a música significa a expressão dos sentimentos. Amo cantar desde pequena. Me senti muito feliz e animada em participar do programa do Raul Gil. Meu maior sonho é ser uma cantora famosa, fazer muitos shows, gravar clipes e  ter muitos fãs”, afirma Ana Laura.

MUSICALIZAÇÃO INFANTIL

Em 1971 a professora  Josette S. M. Feres deu início ao curso de musicalização infantil na Escola de Música de Jundiaí. O curso, referência na música e responsável por formar diversos músicos, tem como objetivo desenvolver na criança e na família que a acompanha, o prazer em ouvir e fazer música, bem como preparar a criança, do ponto de vista afetivo, cognitivo, físico e social, para o estudo de um instrumento musical.

Júlia Akemi Rosa Kumakawa, de 7 anos, faz as aulas de iniciação musical desde um aninho na Escola de Música de Jundiaí. Hoje, gosta e quer seguir com o piano. “Ela desde bebê gostava muito de música. Estudando sobre desenvolvimento infantil e como poderia melhor estimulá-la descobriu que a música é um estímulo que trabalha com os dois hemisférios do cérebro ao mesmo tempo e achei fantástico. Aliado ao fato que ela gostava muito começamos com as aulinhas na escola e ela amou, nunca mais quis parar”, relata a mãe de Júlia, a cirurgiã dentista Ecinele Francisca Rosa, 39 anos.

Atualmente, ela gosta muito e a mãe percebe o quanto a música auxilia no desenvolvimento. “A Júlia se interessa bastante pelo assunto, gosta de ir a concertos, apresentações musicais, presta muita atenção e fica realmente envolvida pela música.  É lindo de ver. A música é como uma outra linguagem que ela aprendeu, desenvolveu ritmo, uma audição mais apurada e acredito que a ajude em tudo, concentração, coordenação motora, motricidade, respiração, calma, persistência, até mesmo na matemática”, revela.

“A música me traz sentimentos de alegria e relaxamento. É muito gostoso ouvir e tocar, significa um momento bom. Eu gosto bastante. Foram muitos anos me dedicando. Tenho o sonho de ser pianista e viajar o mundo tocando piano”, conta Júlia.

Clara de Faria Torres tem 9 anos e também faz aulas de piano, há pouco mais de um ano. A mãe, a professora Flávia Rocha de Faria Torres, 46 anos, conta que a filha começou na iniciação musical com apenas 10 meses também na Escola de Música de Jundiaí. “Eu já conhecia a escola porque meus primos estudaram lá. O pai da Clara adora música e logo se entusiasmou com a ideia das aulas. A gente sempre acompanhou de perto e, durante a fase mais crítica da pandemia, fazíamos as aulas juntos, eu, a Clara, o pai dela e o irmão de 7 anos que também faz aulas de iniciação musical”, conta.

A filha terminou a iniciação no final de 2020, numa fase complicada da pandemia. “Ela fez quase todo seu último ano remotamente. Sempre foi ‘flauteira’, como dizia a Luciana Nagumo, professora.  Nesta época, seu encanto era a flauta transversal, mas não seria possível começar um instrumento de sopro, então a Clara escolheu o piano. Ela adora matemática e tem um raciocínio bem ágil. Não sei dizer o que influenciou o que. Também acho que a música, o estudo diário, ajuda a trabalhar a disciplina. A música faz bem pra alma, traz alegria. Sinto que ela se sente à vontade e quando ela toca algo que está gostando, isto enche a casa”, conta a mãe.

Clara conta que a música é um prazer. “Eu gosto muito de tocar porque quando eu toco bem eu sinto que é muito legal. Quero tocar numa orquestra ou algo assim algum dia”, revela.