21 de dezembro de 2024

Pix x Maquininha

José Roberto Pinheiro Charone
| Tempo de leitura: 2 min

Não é de se admirar um segmento industrial virar de ponta a cabeça em razão de uma novidade tecnológica. No caso das maquininhas de pagamento, a reviravolta se deu com a chegada do Pix, que é o Sistema de Pagamento Eletrônico do Banco Central do Brasil. Essa disputa pode ficar mais acirrada,com a possibilidade de eliminação de intermediários entre o pagador e o recebedor.

Essa rivalidade coloca em xeque o amanhã do setor de meios de pagamento, obrigando as empresas a agregar mais serviços aos comerciantes, como sistemas de logística, estoques ou mesmo de contas, a fim de que continuem interessantes para os seus clientes. Nesse caso, as empresas obterão lucro pelos serviços prestados e não mais por cada transação. Negar essas mudanças pode significar o game over para esse tipo de negócio.

Em pesquisas recentes baseadas neste segmento, a Cielo permanece como líder de mercado, seguida pela Rede (Itaú Unibanco), vindo depois a Getnet (Santander), Stone, Vero e PagSeguro.

Todavia, apesar do Pix ter sacudido o setor de pagamentos, os líderes de mercado ainda não têm demonstrado real preocupação e não têm notado grandes mudanças. Uma das causas, é porque o Pix ainda se depara com algumas dificuldades no varejo, e a maquininha ainda é a forma mais eficiente das empresas receberem os pagamentos efetivados pelo cartão.

No entanto, as empresas operadoras da maquininha já tiveram que fazer algumas adequações de funcionalidade do Pix, permitindo que o comerciante gere um QR-CODE para a transferência de valores, sendo considerado a primeira tentativa de sobrevivência da maquininha.

É certo que o lojista que usa o Pix no seu comércio precisa melhorar a forma de efetivar a transação, pois atualmente, quando o comerciante aceita o Pix, o cliente usa a chave do estabelecimento para pagar, tendo que mostrar na tela a confirmação do pagamento, além de enviar o comprovante pelo app de mensagem.

Existem empresas que já oferecem o Pix parcelado (dando crédito ao cliente), que poderá suceder o idoso cartão de crédito, e essa opção tem crescido muito, pois vem sendo bem aceita pelo mercado, inclusive no e-commerce. Essa categoria já alcançou o quantitativo do boleto, forma de pagamento que era problemática para os varejistas da internet, visto que a desistência entre firmar a compra e o real pagamento era frequente.

Especialistas no mercado financeiro afirmam que, com a chegada do Pix, houve sem sombra de dúvida uma mudança radical no time que estava em campo, mas as administradoras das maquininhas resistem em modernizar e inovar suas tecnologias e produtos. "Logicamente que essas empresas vão ter perda de receita ao migrar do cartão de crédito para o Pix, mas é melhor ter essa perda e conservar o cliente", necessitando urgentemente diversificar os serviços ofertados.

A empresa passará a ter mais informações e conhecimento sobre o comerciante, sendo o meio de pagamento dele, e ainda poderá conservá-lo em sua carteira através de outros serviços, mantendo a sua lucratividade.

José Roberto Charone
é advogado