Muito antes de o Corinthians ter os goleadores Neto, Geraldão, Luizão, Biro-Biro, Zeno, Liedson e Guerreiro, Mário Milani já era sinônimo de artilheiro no Parque São Jorge. Ele está entre os que marcaram mais de 100 pelo Timão. Foi um goleador. Teve média de gols maior, por partida, do que Baltazar, Marcelinho Carioca, Sócrates, Rivelino, Viola e Casagrande. Milani era jundiaiense.
Nasceu em 1918, filho de Olinda e Fortunato Milani, família empreendedora e de posse. O pai foi fundador e presidente da Indústria Alimentícia Milani, que fabricava conservas. Também foi um dos fundadores da Gessy Lever.
Mário Milani é diferente da maioria dos jogadores de futebol até os dias de hoje. Antes de se profissionalizar nos campos, estudou na Escola Paroquial Francisco Telles e se formou contador na Escola Professor Luiz Rosa. Ele chegou a ser o responsável pela contabilidade da empresa da família. Casou-se em 1944 com Maria Ribeiro Milani, com quem teve os filhos Olga Maria Milani e José Antônio Milani. Também teve netos e bisnetos.
Começou no futebol amador aos 14 anos, no clube Estrela de Ouro F. C. Apesar da pouca idade já se destacava e os 'experts' do esporte davam como certa carreira profissional do garoto Mário. Isto ocorreu em 1938 no São Paulo Futebol Clube. Mário foi descoberto por um 'olheiro'. Os pais tiveram de ser convencidos a dar permissão para o menino ir jogar futebol da cidade grande. Aí entra o também jundiaiense Romeu Pellicciari. Ele ajudou Mário Milani nesta missão e o jovem foi jogar bola em campos distantes. Abaixo, as fotos de Milani e do amigo Romeu Pelliciari, homenageado com seu nome em uma rua no jardim Pacaembu.
Depois do São Paulo, Milani foi para o Fluminense, no Rio de Janeiro. Ganhou três títulos em 1940. O amor e a saudade de Maria Ribeiro o fez deixar a fama e o sucesso na então capital do Brasil e voltar para São Paulo para jogar no Sport Club Corinthians Paulista, onde viveu o ápice de sua carreira, técnica e forma física. Era o 'Menino de Ouro': jogava bem e era um cavalheiro. Viveu dias de glória nos braços da Fiel Torcida ao lado de craques consagrados como Baltazar, Rui, Lima e Servílio. Era um atleta completo e foi convocado várias vezes para a Seleção Paulista onde foi campeão brasileiro por duas vezes. Naquela época os campeonatos entre seleções de Estados ocorriam praticamente todos os anos.
Cansado de viajar de trem todos os dias para treinar no Parque São Jorge, Mário Milani aprendeu a pilotar aviões no recém-inaugurado Aeroclube de Jundiaí. Com um avião Paulistinha ia até o Campo de Marte, em São Paulo, para encurtar o trajeto. Aos 30 anos saiu o Corinthians e foi para o Juventus onde também atuou como técnico. Veio para o Paulista FC em 1950. Um ano depois encerrou a carreira com a camisa do principal clube de Jundiaí.
Milani era um esportista versátil. Na adolescência foi campeão de Bola ao Cesto (basquete) pela Escola Prof Luiz Rosa, Esportiva e Associação dos Empregados do Comércio. Também foi professor de Contabilidade nas Escolas Padre Anchieta e chegou a atuar como secretário Municipal de Finanças em Jundiaí e Itupeva.
Mário Milani morreu em 2003. Além de um grande jogador de futebol, famoso e rico, era simples, educado e atencioso. Recebeu inúmeras homenagens. Hoje empresta o nome a um viaduto rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (a estrada de Itu), ao Estádio Municipal de Itupeva e também ao Centro Esportivo de Ivoturucaia.
Minha homenagem e respeito.
Maurício Ferreira
é advogado, professor de direito, ética e cidadania e fundador do
Sebo Jundiaí.