OPINIÃO

Inovação na indústria


| Tempo de leitura: 3 min

Na semana passada, tratamos da inovação como motor do progresso econômico do país, pois gera valor para empresas e para a sociedade, promovendo o desenvolvimento. Neste texto, vamos abordar como a indústria se situa neste cenário.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a chamada taxa de inovação das indústrias. O indicador é calculado com base na Pesquisa de Inovação, a PINTEC Semestral, realizada em parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O dado mais recente (2023) mostra que a taxa de inovação das indústrias com 100 ou mais empregados no Brasil foi de 64,6%. Trata-se de uma queda em relação a 2022 (68,1%) e a 2021 (70,5%). Em 2023, essas empresas investiram 0,70% da receita líquida de vendas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), totalizando cerca de R$ 38,3 bilhões. A indústria de transformação foi responsável por 86,4% desse total, ou seja, R$ 33 bilhões.

Nas empresas de grande porte, a taxa de inovação é maior – chega a 73,6% nas companhias com mais de 500 pessoas ocupadas. O setor de fabricação de produtos químicos é o que mais inova e lidera o ranking entre as atividades industriais (88,7%), seguido por máquinas e equipamentos (88%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (85,3%).

Segundo o IBGE, considera-se inovação quando as empresas introduzem algum produto novo ou substancialmente aprimorado e/ou incorporam algum processo de negócios novo ou aprimorado para uma ou mais de suas funções de negócios.Entre os principais obstáculos superados para inovar, as indústrias elencaram instabilidade econômica, acirramento da concorrência e capacidade limitada de recursos internos.

Neste contexto desafiador, o papel do Senai ganha ainda mais relevância. A instituição mantém 27 Institutos Senai de Inovação, espalhados por 13 unidades da federação. Somente entre 2012 e 2024, foi viabilizada a realização de aproximadamente 3.350 projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), com valor total de R$3,15 bilhões.

São projetos que levaram a melhorias industriais significativas, beneficiando mais de 1.325 empresas ao aumentar a produtividade e a competitividade — elementos essenciais para o crescimento econômico nacional em um cenário industrial cada vez mais globalizado e digitalizado.

No nosso estado, o Senai-SP consolidou um ecossistema de inovação que articula pesquisa aplicada, empreendedorismo tecnológico e apoio direto à indústria. Duas iniciativas — o Distrito Tecnológico e o Espaço Inovação Senai-SP na Universidade de São Paulo (USP) — mostram como a instituição tornou-se um agente relevante.

Em São Bernardo do Campo, o Distrito Tecnológico concentra infraestrutura, talentos e redes de cooperação em um único ambiente de 52 mil m². Ali se reúnem 13 institutos de tecnologia e inovação, oito laboratórios de metrologia e dez ambientes de desenvolvimento e prototipagem. São mais de 8 mil ativos físicos e uma equipe de 500 especialistas. O espaço é uma verdadeira usina de PD&I, capaz de elevar o nível de maturidade de tecnologias que, posteriormente, chegam ao mercado

Já o Espaço Inovação funciona como um posto avançado do Senai-SP dentro do campus universitário, aproximando pesquisadores, estudantes e startups das demandas reais da indústria.Lá,o Inova Talentos já levou mais de 200 bolsistas da USP a projetos industriais. Também é uma ponte direta com o Distrito Tecnológico, para que ideias concebidas na universidade encontrem estrutura para testes, ensaios e validações, fechando o ciclo da inovação.


Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP

Comentários

Comentários