
O inverno deste ano, ao contrário do que vinha acontecendo em anos anteriores, não começou já com estiagem. Em junho, a cidade vivenciou ar mais úmido com chuva. No entanto, é tradicional do inverno que haja estiagem e neste ano não será diferente. A estação, que vai até setembro, já vem apresentando precipitações mais espaçadas, o que exige atenção em relação à segurança hídrica. Apesar da secura maior no período, neste ano, Jundiaí não deve ter problemas com abastecimento de água.
Segundo a DAE Jundiaí, atualmente, a represa está com 81% da capacidade total, o que representa mais de 7 bilhões de litros de água armazenada. A autarquia informa, no entanto, que segue monitorando constantemente a represa e mantém ativa a reversão do Rio Atibaia, além de intensificar campanhas de uso consciente da água. Essas ações preventivas visam garantir o abastecimento da cidade durante o período de estiagem.
A Defesa Civil de Jundiaí informa que o inverno no Sudeste, tradicionalmente, é caracterizado por períodos mais secos devido à redução na formação de chuvas. A previsão para 2025 indica que a estação será mais seca e fria que a do ano passado em grande parte do Sudeste e Centro-Oeste, com possibilidade de ocorrência de chuvas atípicas e eventos extremos, como granizo, em razão das mudanças climáticas.
Ainda segundo a Defesa Civil, apesar da tendência de tempo seco, não é possível afirmar com precisão se o inverno em Jundiaí repetirá o padrão observado no ano anterior, considerando a influência de diferentes fatores climáticos. Para este ano, os meteorologistas indicam uma fase de neutralidade, sem a predominância de fenômenos como El Niño ou La Niña, o que contribui para maior incerteza nas previsões. A Defesa Civil de Jundiaí mantém o monitoramento constante das condições climáticas e reforça as ações preventivas para mitigar os efeitos do período de estiagem.
'Hidricamente' falando
Secretário executivo do Consórcio PCJ, das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Francisco Lahóz diz que, apesar da chuva, o cenário é ruim. "Para o mês de junho, as chuvas nas bacias PCJ ficaram 6% abaixo das médias históricas, com registro de chuvas na ordem de 38 milímetros. Porém, essa situação é melhor que a registrada no mês de maio, quando as chuvas ocorreram na ordem de 66% abaixo do esperado, com registros de apenas 16 milímetros. Em junho, tivemos em média oito dias com registro de chuvas nas bacias PCJ. A situação também melhor que a observada em maio, quando foi registrado apenas um dia com chuva mais significativa."
Também importante para o abastecimento em Jundiaí, por ter uma transposição para o Rio Atibaia, utilizado em períodos de estiagem para o abastecimento do município, é o sistema Cantareira. "Já para a região de cabeceiras das bacias PCJ, onde está localizado o sistema cantareira, as chuvas registram 49,2 milímetros. Mesmo assim, ainda ficaram na ordem de 11% abaixo da média para o mês de junho", conta Lahóz, lembrando que a chuva foi melhor que a de maio, mas o armazenamento de água no incício de julho é menor do que o dos anos 2023 e 2024.
"Como reflexo do período de estiagem e chuvas abaixo do esperado, as vazões dos principais rios de nossa bacia oscilaram entre 62% e 20%, abaixo da média histórica", explica o secretário executivo. "O Rio Jundiaí, em sua parte baixa, registrou vazões na ordem de 43% abaixo do esperado", diz, explicando também que, mesmo com a vazão mais baixa, o limite está acima do necessário para garantir abastecimento.
Abastecimento
Apesar do cenário já conhecido de estiagem, para este ano, o esperado é que não haja problemas de abastecimento de água. "A previsão para os próximos meses é de neutralidade quanto aos eventos climáticos El Niño e La Niña, com tendência de chuvas dentro das médias. Vale ressaltar que, historicamente, os meses de julho e agosto são os mais secos das nossas bacias, com recomendação para que os municípios mantenham suas ações, contingenciamento e uso consciente da água, seguindo as recomendações do consórcio PCJ para operações de estiagem", fala Lahóz.
"O que nós temos do sistema Cantareira hoje é que as capacidades estão acima de 45%, tendendo a 50%, o que nos leva a crer que, por exemplo, a Bacia do Jundiaí, assim como dos municípios que têm vazões regularizadas pelo sistema Cantareira, não terão problema nesse período compreendido entre junho e setembro, que, inclusive, é onde se registram os maiores problemas nas estiagens de anos anteriores. Então, para os regularizados pelo sistema Cantareira, como é o caso de Jundiaí, imagina-se uma situação estável", tranquiliza.