Um dos temas mais relevantes e mais debatidos da atualidade é o futuro do emprego em face da velocidade com que as mudanças tecnológicas vêm acontecendo no mundo. Este tema foi objeto de pesquisa, divulgada recentemente no Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em janeiro, em Davos, na Suíça.
Publicada a cada dois anos, a pesquisa está em sua quinta edição e recolheu dados de mais de mil empresas de 22 setores, em 55 economias. Segundo o relatório, até 2030, 170 milhões de empregos serão criados e 92 milhões, destruídos. Avanços tecnológicos, mudanças demográficas, tensões geoeconômicas e pressões econômicas são os principais vetores dessas transformações que irão remodelar setores e profissões de forma global.
Como esperado, as habilidades tecnológicas – como Inteligência Artificial, Big Data, Redes e Segurança Cibernética – estarão entre as mais requisitadas pelo mercado até o final da década. Curiosamente, a tecnologia terá de andar junto com características intrínsecas ao ser humano, como criatividade, liderança e pensamento analítico. A união desses dois tipos de habilidade será cada vez mais exigida e valorizada.
Um ponto de atenção é a necessidade de requalificação profissional. Para suprir a demanda dos postos de trabalho que existirão até 2030, 59 de cada 100 trabalhadores precisarão passar por um processo de atualização. A expectativa, no entanto, é que 11 desses 59 trabalhadores dificilmente serão requalificados. Isso equivale a um contingente de 120 milhões de pessoas em risco de desemprego.
As funções de linha de frente, como trabalhadores rurais, motoristas de entrega e trabalhadores da construção, bem como de setores essenciais, como cuidados (por exemplo, enfermeiros) e educação (professores), devem ter o maior crescimento de vagas até o final da década.
Além disso, os avanços em IA, robótica e a transição energética, com o uso cada vez mais intenso de energia renovável, estão transformando o mercado, resultando em maior demanda de especialistas, como engenheiros ambientais, e de profissionais ligados à tecnologia.
Os modelos de negócio estão sendo reestruturados por causa da Inteligência Artificial. Metade dos empregadores do mundo planeja focar em novas oportunidades decorrentes da IA, sendo que 77% pretendem aprimorar as habilidades dos trabalhadores (upskilling).
Porém, 41% têm planos de reduzir a força de trabalho, pois a IA automatiza uma série de tarefas. Quase metade dos empregadores espera transferir funcionários das funções que podem ser substituídas pela Inteligência Artificial para outras atividades da empresa. É uma forma de reduzir o custo humano da transformação tecnológica.
E o Brasil? Segundo o relatório, aqui, como em muitos outros países da América Latina e do Caribe, o principal empecilho para a transformação dos negócios, além da lacuna de habilidades, são deficiências relacionadas à formação básica – por exemplo, conhecimentos gerais em matemática, português e inglês. São a maior barreira para a transformação dos negócios no país até 2030.
A boa notícia é que quase 9 em cada 10 empresas no país planejam aprimorar as habilidades da sua força de trabalho nos próximos 5 anos. O foco será IA, Big Data, pensamento crítico, alfabetização tecnológica e lógica geral.
Se o aprimoramento e a requalificação profissional são chave para enfrentar os desafios do mercado de trabalho global, no Brasil isso é ainda mais crucial. Disso depende o crescimento da produtividade e da própria economia nacional.
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)
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