VÍTIMA É UMA COLEGA

Escola apontou os seis alunos suspeitos de 'fakenudes' em Jundiaí

Por Fábio Estevam | Polícia
| Tempo de leitura: 4 min
JORNAL DE JUNDIAÍ
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher

Os mandados de busca e apreensão nas casas de seis adolescentes entre 15 e 16 anos, estudantes de um colégio particular, em Jundiaí, suspeitos de criar e propagar 'fakenudes' de uma colega de escola, tiveram como ponto de partida um relatório enviado pela própria unidade escolar à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), segundo informações constadas em um documento da própria delegacia, sobre a operação de cumprimento desses mandados, realizada no último dia 30.

O documento, a que o Jornal de Jundiaí teve acesso, diz que a DDM tomou conhecimento sobre o caso no dia 17 de junho. "Esta equipe tomou ciência do crime em tela e após investigação, a autoridade policial achou por bem solicitar ao Poder Judiciário local um mandado de busca e apreensão na residência de seis adolescentes que teriam sido citados no relatório escolar enviado a esta delegacia".

A Vara da Infância e Juventude expediu os mandados e na última terça-feira os investigadores da DDM, com apoio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), cumpriram os mandados. Houve ainda a participação da Polícia Civil de Louveira, uma vez que um dos envolvidos é residente na cidade.

Ainda de acordo com o documento, o crime pelo qual os jovens estão sendo investigados está previsto no artigo 241C, do Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA), que dispõe sobre 'simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica, por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual'. A pena é de reclusão de 1 ano a 3 anos, e multa.

APREENSÕES E DEPOIMENTOS

Os mandados foram cumpridos nas residências dos seis adolescentes, sendo que, em uma delas, o jovem não estava no local, mas os policiais foram recebidos por uma funcionária da família - o celular do garoto foi apreendido.

Na casa do segundo envolvido os agentes foram recebidos pela família e o celular do estudante foi apreendido - o adolescente após isso compareceu espontaneamente na delegacia acompanhado de seus responsáveis legais e prestou depoimento.

No terceiro caso, o adolescente estava na residência, onde foi apreendido o seu celular - em seguida ele compareceu na DDM espontaneamente acompanhado de seu pai para dar a sua declaração sobre os fatos.

No quarto alvo da operação, o garoto também estava na residência e, durante a busca dos policiais, foi localizado e apreendido o seu celular. "O mesmo foi convidado para comparecer na delegacia logo após a operação, mas não compareceu", diz o documento, sobre o primeiro momento. Não foi possível saber se ele foi à delegacia no dia seguinte (31).

Nas residências de dois adolescentes, os policiais não encontraram ninguém, e foram informados de que as famílias estavam em viagem, não sendo possível, portanto, efetuar as buscas.

RELEMBRE O CASO

Seis adolescentes entre 15 e 16 anos foram alvos de operação da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Jundiaí, na manhã desta terça-feira (30), suspeitos de espalhar em grupos de WhatsApp, vídeos de 'fakenudes', de uma colega de escola, da mesma idade. As informações são de fonte policial, ouvida pelo Jornal de Jundiaí, que também esteve na sede da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), nas primeiras horas desta manhã, onde as equipes policiais se concentraram. No local, detetives da DDM foram questionados sobre a operação, mas informaram que não poderiam divulgar, por envolver adolescentes.

O JJ, no entanto, buscou alternativas de apuração ao longo do dia, e descobriu que foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão nas residências dos seis investigados, ocasião em que foram apreendidos os aparelhos celulares de todos eles.

Nestes aparelhos, a polícia espera conseguir mais provas de que os jovens de fato fizeram montagens, utilizando Inteligência Artificial (IA), colocando o rosto da colega no corpo de uma mulher, nua, fazendo parecer que era ela - tudo isso, segundo apuração, ocorreu há cerca de dois meses, quando o crime foi denunciado.

O vídeo foi espalhado em grupos de WhatsApp do colégio, e, claro, acabou rapidamente se espalhando para fora do ambiente escolar. Ainda segundo apurou a reportagem, os adolescentes investigados são de alto poder aquisitivo.

No início da noite o JJ voltou a procurar a DDM, que, novamente informou que não poderia divulgar informações da operação e do caso em questão, por se tratar de adolescentes.

Comentários

1 Comentários

  • Rosy 01/08/2024
    Nossa que triste essa história. Os adolescentes acham que sempre ficarão impunes atrás de uma tela. Isso não é brincadeira