Os bebês desenvolvem o sistema auditivo a partir da 21ª semana de gestação. Dessa forma, todos os sons emitidos podem ser identificados, tanto sons externos, como a música e a voz de familiares, quanto sons corporais emitidos pelos órgãos da mãe, como a respiração e o batimento cardíaco.

Thaís Fajardo, mãe da Ísis, de 1 ano, conta que sua filha recorda das músicas que já ouviu, fazendo gestos e dançando.

Taiara Cristina Gonçalves Zawacki, mãe de Dante Jacinto, também comenta sobre o filho lembrar das músicas ouvidas durante a gestação. "Ele parece lembrar, quando vou fazer ele dormir canto para ele 'Pais e Filhos', do Legião Urbana, e ele se acalma. Na gestação eu ouvia muito. Agora que ele está começando a falar, ele já canta trechos das música."

Em artigo da revista Literartes, Mauro Muszkat, pesquisador da Unifesp, explica que as crianças se expressam melhor pelo som e pela música do que pelas palavras, verificando-se que pode ser uma ferramenta única para crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, depressão, esquizofrenia e outras disfunções cerebrais.

A psicóloga Juliana Camilo explica a relação entre a música e a atividade cerebral. "A audição é o primeiro sentido desenvolvido pelo feto e, por isso, apresentar músicas ainda no período de gestação aumenta a atividade cerebral. Além disso, existem estudos que mostram uma relação entre o estímulo musical durante a gravidez e o desenvolvimento cognitivo dos bebês, indicando benefícios voltados ao lado emocional e de conduta após o nascimento."

CALMA E RELAXAMENTO

Taiara Cristina conta sobre como a música interfere no comportamento de Dante. "A música tende a moldar um pouco do comportamento dele. Se é música calma, ele fica calmo, se é algo mais agitado ele fica mais agitado."

A psicóloga complementa: "Esses estímulos musicais, quando usados após o nascimento, também promovem calma e relaxamento, isso ocorre porque o bebê mantém uma memória auditiva de até quatro meses retrospectos. Portanto, utilizar a música como ferramenta promove sensação de conforto e segurança, devido ao reconhecimento sonoro, o que também favorece no alívio de cólicas e traz benefícios até para o sono do bebê."

TIPOS DE MÚSICA 

Sobre o tipo de música próprio para o bebê durante a gestação e os primeiros meses de vida, Juliana afirma que "a música certa depende do gosto musical da gestante. Quando ouvimos músicas que gostamos, nosso cérebro libera neurotransmissores como dopamina e endorfina, responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. Esses hormônios são importantes tanto para a mãe quanto para o bebê, durante a gestação. Entretanto, para os bebês, o mais indicado é que sejam músicas mais calmas, com batidas menos agitadas, que sejam mais confortáveis ao sistema auditivo recém formado".

Thaís Fajardo diz que coloca canções clássicas de ninar da Disney. "Criei uma playlist com cantigas de roda e outras músicas mais lúdicas infantis."