RETOMADA

RETOMADA

Pós-pandemia tem sido mais danoso à saúde mental

Pós-pandemia tem sido mais danoso à saúde mental

No período em que o convívio e a vida social voltaram a ser normalizados, o número de atendimentos aumentou na rede pública

No período em que o convívio e a vida social voltaram a ser normalizados, o número de atendimentos aumentou na rede pública

Por Nathália Sousa | 14/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Por Nathália Sousa


14/09/2023 - Tempo de leitura: 3 min

Divulgação

Atendimento nos Caps aumentou no pós-pandemia, em relação ao período

Em Jundiaí, o pós-pandemia foi pior do que a pandemia em si no tocante à saúde mental no município. Agora a situação volta a se normalizar em alguns indicadores, mas, de modo geral, o fim do ano de 2021 e o ano de 2022 foram piores do que o ano de 2020 e o início de 2021, quando havia muitos mais casos de covid-19, isolamento social e diversos outros assuntos que envolveram o período e agora vieram à tona de forma mais perceptível.

De 2021, considerado o auge da pandemia, para o primeiro semestre de 2023, as internações psiquiátricas no Hospital São Vicente tiveram aumento de 29%. Com relação à Atenção Básica de Saúde, como Unidades Básicas de Saúde (UBSs), e aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que trabalham com portas abertas e têm procura espontânea da população, foram 84.365 atendimentos em saúde mental em 2020, 86.748 em 2021 e 89.900 no ano passado. Neste ano, de janeiro a julho, foram registrados cerca de 51 mil atendimentos.

GRAVIDADE

Casos que também tiveram aumento no pós-pandemia são os de suicídio. Coordenador de Saúde Mental da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), Alexandre Moreno Sandri conta que a retomada foi mais delicada. "Houve um aumento, sobretudo no pós-pandemia. No momento da pandemia, propriamente dito, não. Isso é um dado bem curioso, porque a gente tinha um receio do que se passaria na pandemia, as pessoas estavam mais fechadas. Mas há estudos que apontam também que o enfrentamento de um inimigo comum, às vezes, nos mobiliza de uma forma que gente volta a olhar para uma ameaça concreta, e aí essas questões não se fazem tão presentes. Quando a gente pega uma série histórica no município, percebemos que no pós-pandemia, sobretudo no segundo semestre de 2021 e em 2022, a gente já observa um ligeiro aumento, que está relacionado aos impactos mesmo da pandemia."

O coordenador lembra que a maioria dos casos acontece entre homens e isso pode estar relacionado ao estigma colocado na discussão da saúde mental, que vem diminuindo, mas ainda é presente. "É muito interessante chamar atenção de que, entre os homens, o suicídio é bem mais frequente do que entre as mulheres. Isso é um dado que se repete no Brasil e aqui no município também. Um dado novo, que ainda não está no manual, é que, no ano de 2023, até julho, a gente teve 12 mortes por suicídio no município. As 12 eram de homens. No outros anos, o percentual é de aproximadamente 75% a 80% das mortes", completa.

Alexandre diz que a análise das tentativas também é importante, pois os dados destoam do que é visto nos casos de consumação do suicídio. "A gente teve, ao longo de 2022, 391 tentativas. Aí já muda um pouco o perfil. Em geral, é um perfil prioritariamente de mulheres, de uma faixa etária um pouco mais jovem, de 15 a 39 anos. É algo que a gente também vai precisar olhar, porque a tentativa muitas vezes é um sinalizador de um pedido de ajuda, um sofrimento que, naquele momento, está muito intenso, quase insuportável. E a palavra, buscar ajuda, não parece possível, aí vem a tentativa, como uma mobilização de uma rede de cuidado, uma sinalização de um sofrimento muito intenso."

Sobre o manual citado, foi desenvolvido pelo Comitê Permanente de monitoramento do Plano Municipal de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. A cartilha é de capacitação para profissionais de imprensa, a fim de orientar sobre a forma correta de se tratar, na mídia, casos de suicídio. O manual traz os principais conceitos voltados ao tema, a importância de uma comunicação bem feita no contexto da prevenção ao suicídio, as principais recomendações para elaboração de notícias – como o que fazer, o que não fazer e por qual motivo fazer -, além de dicas para a construção da matéria e dados importantes sobre o suicídio no mundo, Brasil e Jundiaí. Também há um tópico específico sobre redes sociais.

Em Jundiaí, o pós-pandemia foi pior do que a pandemia em si no tocante à saúde mental no município. Agora a situação volta a se normalizar em alguns indicadores, mas, de modo geral, o fim do ano de 2021 e o ano de 2022 foram piores do que o ano de 2020 e o início de 2021, quando havia muitos mais casos de covid-19, isolamento social e diversos outros assuntos que envolveram o período e agora vieram à tona de forma mais perceptível.

De 2021, considerado o auge da pandemia, para o primeiro semestre de 2023, as internações psiquiátricas no Hospital São Vicente tiveram aumento de 29%. Com relação à Atenção Básica de Saúde, como Unidades Básicas de Saúde (UBSs), e aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que trabalham com portas abertas e têm procura espontânea da população, foram 84.365 atendimentos em saúde mental em 2020, 86.748 em 2021 e 89.900 no ano passado. Neste ano, de janeiro a julho, foram registrados cerca de 51 mil atendimentos.

GRAVIDADE

Casos que também tiveram aumento no pós-pandemia são os de suicídio. Coordenador de Saúde Mental da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS), Alexandre Moreno Sandri conta que a retomada foi mais delicada. "Houve um aumento, sobretudo no pós-pandemia. No momento da pandemia, propriamente dito, não. Isso é um dado bem curioso, porque a gente tinha um receio do que se passaria na pandemia, as pessoas estavam mais fechadas. Mas há estudos que apontam também que o enfrentamento de um inimigo comum, às vezes, nos mobiliza de uma forma que gente volta a olhar para uma ameaça concreta, e aí essas questões não se fazem tão presentes. Quando a gente pega uma série histórica no município, percebemos que no pós-pandemia, sobretudo no segundo semestre de 2021 e em 2022, a gente já observa um ligeiro aumento, que está relacionado aos impactos mesmo da pandemia."

O coordenador lembra que a maioria dos casos acontece entre homens e isso pode estar relacionado ao estigma colocado na discussão da saúde mental, que vem diminuindo, mas ainda é presente. "É muito interessante chamar atenção de que, entre os homens, o suicídio é bem mais frequente do que entre as mulheres. Isso é um dado que se repete no Brasil e aqui no município também. Um dado novo, que ainda não está no manual, é que, no ano de 2023, até julho, a gente teve 12 mortes por suicídio no município. As 12 eram de homens. No outros anos, o percentual é de aproximadamente 75% a 80% das mortes", completa.

Alexandre diz que a análise das tentativas também é importante, pois os dados destoam do que é visto nos casos de consumação do suicídio. "A gente teve, ao longo de 2022, 391 tentativas. Aí já muda um pouco o perfil. Em geral, é um perfil prioritariamente de mulheres, de uma faixa etária um pouco mais jovem, de 15 a 39 anos. É algo que a gente também vai precisar olhar, porque a tentativa muitas vezes é um sinalizador de um pedido de ajuda, um sofrimento que, naquele momento, está muito intenso, quase insuportável. E a palavra, buscar ajuda, não parece possível, aí vem a tentativa, como uma mobilização de uma rede de cuidado, uma sinalização de um sofrimento muito intenso."

Sobre o manual citado, foi desenvolvido pelo Comitê Permanente de monitoramento do Plano Municipal de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. A cartilha é de capacitação para profissionais de imprensa, a fim de orientar sobre a forma correta de se tratar, na mídia, casos de suicídio. O manual traz os principais conceitos voltados ao tema, a importância de uma comunicação bem feita no contexto da prevenção ao suicídio, as principais recomendações para elaboração de notícias – como o que fazer, o que não fazer e por qual motivo fazer -, além de dicas para a construção da matéria e dados importantes sobre o suicídio no mundo, Brasil e Jundiaí. Também há um tópico específico sobre redes sociais.

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.

Ainda não é assinante?

Clique aqui para fazer a assinatura e liberar os comentários no site.