Com o aumento constante das taxas de obesidade no mundo, a cirurgia bariátrica tem se destacado como uma ferramenta eficaz no combate ao excesso de peso e às complicações de saúde relacionadas.

O médico cirurgião do aparelho digestivo, Márcio Bove Miksche, explica alguns pontos. "Atualmente as técnicas mais usadas são a cirurgia de sleeve (retirada de uma parte do estômago) e cirurgia de bypass (estômago é dividido), por terem se mostrado mais efetivas e com menos efeitos adversos e menores riscos."

A preparação para a cirurgia inclui avaliações com uma equipe multidisciplinar, onde haverá análise por cardiologista, endocrinologista, psicólogo e nutricionista. "Próximo a cirurgia também serão realizados exames de sangue, fezes, urina, radiografias, provas da função pulmonar, exames de imagem do abdômen e endoscopia digestiva. Quanto mais conhecimento sobre o estado do paciente, menor será o risco do procedimento."

De acordo com médico, o procedimento cirúrgico é realizado sob anestesia geral e sua duração costuma ser entre 1h30 a 2h30. O tempo médio de internação hospitalar é de 48 horas. "O período mais rigoroso de alimentação são os primeiros 30 dias. Quanto a restrições alimentares, irá depender da técnica que for empregada, sendo o acompanhamento com nutricionista e a prática de atividade física, fundamentais para o sucesso do tratamento."

CUSTOS

Atualmente o custo de um procedimento cirúrgico particular está de 30 a 50 mil reais, podendo variar de acordo com o número de dias em que o paciente fica internado, do hospital escolhido, da necessidade de UTI e dos materiais que serão utilizados. Desde que o paciente apresente situação regular junto ao seu convênio e preencha os requisitos legais, o plano de saúde terá por obrigação a prestação do serviço solicitado.

RISCOS E SUPORTE 

Márcio comenta que atualmente as preocupações maiores em relação a bariátrica são com fatores relacionados ao próprio paciente, que na maioria das vezes já traz junto com a obesidade outros fatores de riscos. "Quanto mais doenças, maior o risco. Porém, também será ainda maior a indicação de fazer a cirurgia."

No que se refere às avaliações e o acompanhamento psicológico pré e pós operatório, o cirurgião pontua que são imprescindíveis para que o paciente possa entender as diversas transformações. "Novas formas de relacionamento afetivo, familiar, profissional e até mesmo as relações com os alimentos deverão ser compreendidas e administradas psicologicamente."

EXPERIÊNCIA

A microempreendedora Liliane Carreiro Nascimento Silva, 39 anos, conta que quando entendeu que obesidade era uma doença, resolveu buscar orientação médica. "Iniciei a dieta líquida com 126,6 kg e operei em maio deste ano." Quanto às mudanças no estilo de vida, ela comenta que foram radicais. "As mudanças de hábitos precisam ter constância. Em relação ao meu trabalho, vendi meu comércio de moda plus size, pois eu era uma incentivadora deste corpo, e não achei justo continuar neste segmento específico tendo passado por uma bariátrica. Ainda é uma questão que mexe comigo."

Liliane também iniciou atividades físicas e trocou receitas de bolos de chocolate por aveia, bananas e grãos. Ela também tenta incentivar outras pessoas que precisam passar por uma bariátrica. "Pesquise sobre assunto, sobre a equipe médica e vá regularmente ao seu psicólogo, pois ele te ajudará a entender a grande transformação. Não se prive dos prazeres da vida, mas faça escolhas melhores, lembrando-se que não é apenas dieta, é mudança e troca de hábitos. E o mais importante: se ame mais."