MAL ESTAR

Mistério sobre névoa continua em Jundiaí

Rápida e maléfica, a névoa que encobriu parte de Jundiaí ainda não foi identificada

Por Nathália Sousa | 24/05/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Mateus Nunes registrou da sacada a névoa que viu do Agapeama

Mateus Nunes
Mateus Nunes

"Passei mal, fui ao hospital e desmaiei duas vezes"; "do pouco que respirei, fiquei tossindo, com a garganta bastante irritada"; "não percebi nada, até que vi uma multidão andando na direção oposta à minha com a camisa cobrindo o rosto". Estes são alguns relatos de jundiaienses que, na noite de terça-feira (23), estavam na região de Jundiaí afetada por uma espécie de gás ou névoa que tomou conta do ar e causou sintomas como ardência nos olhos, nas vias aéreas e mal estar. Bairros como Vila Nambi, Ponte São João, Agapeama e Vila Arens estão entre os afetados.

O caso, que parece saído de algum livro de fantasia, segue sem solução. Não se sabe o que era a substância no ar e nem de onde ela veio. O mistério só aumenta porque o evento durou algumas horas e sumiu, sem deixar rastros. De acordo com o tenente Medrado, do Corpo de Bombeiros de Jundiaí, mesmo após varredura em toda a região afetada, nada de irregular foi encontrado.

"Continua o mistério, não sabemos de onde veio, muito embora tenhamos patrulhado toda a região. Não conseguimos encontrar o 'ponto zero' e identificar o tipo de produto químico. A Cetesb compareceu hoje (ontem) em Jundiaí e vão emitir um relatório a respeito. Qualquer coisa falada agora é prematura, não trabalhamos com nenhuma hipótese. Acho difícil ter sido um caminhão, pela quantidade de produto, e fomos a empresas também", diz o tenente sobre teorias levantadas por munícipes sobre o caso.

DESCONFORTO

Elyene Brito, de 31 anos, passou mal com a substância. "Por volta das 19h, peguei um ônibus sentido Tamoio, estava com minhas duas filhas, de 10 e 11 anos. Depois de alguns pontos, espirrei e percebi que todo mundo começou a tossir. Achei que era algo dentro do ônibus e relatei ao motorista. Ele disse que também estava sentindo e parou o ônibus para ver o que era, mas percebemos que na rua também tinha muita gente que estava com a mão no rosto, aí vimos que era algo no ar."

"Passei mal, fui ao hospital e desmaiei duas vezes. Fui ao Hospital Universitário levar minha filha, mas fui atendida lá também, por causa da falta de ar. Era como uma névoa branca, mas no nariz parecia uma amônia, queimando", relata ela.

Mateus Nunes, de 24 anos, chegou a fotografar a névoa. "Foi por volta de 18h30, mais ou menos. Saí na minha sacada, vi a névoa e já comecei a tossir e espirrar. Fechei tudo, porta, janela, mas, do pouco que respirei, fiquei tossindo, com a garganta bastante irritada. Era como uma fumaça forte, bem visível."

Já Rafael Monteiro da Silva, de 25 anos, chegou em Jundiaí bem no momento do ocorrido. "Eu estudo em Campinas e vim de ônibus para Jundiaí. Cheguei por volta de 19h20 na Vila Arens e esperei minha mãe, que ia me buscar de carro. Não percebi nada, até que vi uma multidão andando na direção oposta à minha com a camisa cobrindo o rosto. Depois, senti como se fosse um pó químico, com um cheiro que parecia de pólvora."

"Fiquei poucos minutos na Vila Arens e estava tossindo muito. Minha mãe pegou a Imigrantes para chegar até lá e disse que, de um ponto mais alto, não dava para ver nada de Jundiaí. A região da Vila Nambi estava encoberta", relata Rafael sobre o episódio.

A Defesa Civil de Jundiaí informa que acompanhou a ação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, em decorrência de suspeita de vazamento de substância irritante às mucosas.

As altas temperaturas registradas ao longo do dia e a baixa umidade relativa do ar colaboraram para a dificuldade na dispersão dos poluentes.

O Samu não foi acionado em decorrência do caso e apenas o Pronto Atendimento da Ponte São João teve paciente relacionado ao gás.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), a respeito de investigação policial, não houve registro de boletim de ocorrência. Em nota, a instituição diz que, até o momento, a ocorrência não foi encontrada/registrada na Polícia com as informações fornecidas.

1 COMENTÁRIOS

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  • Márcio Ozório de Jesus
    25/05/2023
    O jornal já entrou em contato com a prefeitura? Acredito que seja necessário uma análise em campo para identidade qual é este químico. E se for algo prejudicial ã saúde? Minha esposa sentiu nariz arder ao respirar no bairro Jardim Tamoio.