MAIO ROXO

A importância da conscientização da Fibromialgia

É importante destacar a necessidade de conscientização sobre a Fibromialgia, pois os sintomas são muitas vezes ignorados

Por RAFAELA SILVA FERREIRA | 21/05/2023 | Tempo de leitura: 5 min

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A Fibromialgia é uma doença crônica que causa dores musculares e fadiga
A Fibromialgia é uma doença crônica que causa dores musculares e fadiga

Neste mês de maio, a conscientização da Fibromialgia está em destaque, com o movimento conhecido como Maio Roxo. A Fibromialgia é uma doença crônica que causa dores musculares e fadiga, além de problemas de sono e problemas cognitivos. O Maio Roxo tem o objetivo de destacar essa necessidade de conscientização sobre a doença, pois os sintomas são muitas vezes ignorados ou desvalorizados. A intenção é também de levantar fundos para apoiar pessoas com a doença.

José Augusto Dias Lopes, médico reumatologista e professor na Faculdade de Medicina de Jundiaí, explica que as pessoas diagnosticadas com Fibromialgia são aquelas que possuem uma dor musculoesquelética crônica e difusa, ou seja, acomete o corpo todo. "Essas pessoas relatam dor em todos os locais do corpo e está relacionada a duas situações importantes: a fadiga e o distúrbio do sono. Então, essa seria a definição mais precisa do que é a Fibromialgia."

Em relação à causa da doença, não se sabe nada com precisão. José Augusto comenta que são fatores desconhecidos ainda. "Chamamos essa doença, na área médica, de multifatorial porque são vários fatores importantes para o desenvolvimento da Fibromialgia. Características hereditárias, por exemplo. Nós, inclusive, atendemos pacientes que têm familiares com o mesmo problema. Será que teria algum agente infeccioso associado a esse quadro?" ele se questiona.

Pode-se dizer que a Fibromialgia é uma doença do sexo feminino, já que 80% das mulheres, com faixa etária de 30 e 50 anos, são afetadas. Crianças e adolescentes também podem ter Fibromialgia. Porém, seu diagnóstico não é tão simples e pode se confundir com outras doenças da faixa pediátrica.

A doença, normalmente, atinge o organismo todo. Então, o portador tem sinais e sintomas em outros órgãos, por isso se confunde com outras doenças e outras áreas da medicina. "O portador não dorme, pode ter fadiga, alterações do hábito intestinal, irritabilidade, ansiedade, sensação de inchaço nas mãos, dor de cabeça, dores menstruais insuportáveis, no caso das mulheres", explica o médico. "Os exames são normais, de laboratório mesmo, como aqueles de imagem. Por isso a confusão na hora de diagnosticar", completa.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

O médico explica que, como toda a doença reumatológica, o tratamento não é farmacológico (inteiramente com remédios). Por isso, outras técnicas são apresentadas ao paciente. "Atividade física, exercícios aeróbicos, atividades aquáticas. Eu tenho pacientes que gostam de fazer exercício na academia, por exemplo. Então, cada um tem uma preferência. Mas essa base de tratamento ajuda a melhorar os neurotransmissores (os mensageiros químicos do cérebro). É importante também esclarecer que a doença não é curável, mas tem controle."

Sobre o tratamento com medicamentos, José Augusto comenta que o uso é sempre de analgésicos, principalmente aqueles que têm um efeito associado a relaxantes musculares. "Acontece que os pacientes têm muita contratura dos músculos, então a gente receita relaxantes. Os antidepressivos servem para ter um controle da dor e melhorar o sono e também são receitados. Em último caso, a psicoterapia."

Em relação aos alimentos que podem ser positivos ou negativos na saúde do portador, José Augusto diz ser um assunto muito discutido. "Até em congressos de reumatologia tem muita discussão sobre alimentos que poderiam melhorar certas situações. Mas, dietas ricas em antioxidantes, principalmente das fontes vegetais, como feijão e leguminosas, ou azeite de oliva são mais indicadas."

QUALIDADE DE VIDA

Os portadores da doença podem ter problemas no trabalho, por exemplo. O que causa uma negatividade na qualidade de vida. "Qualquer tipo de atividade que o paciente tenha em termos profissionais, ele vai ter problema, porque como os exames são normais, a maioria dos patrões ou até médicos acha que esses pacientes não possuem nada. E aí, quando ocorre uma crise, já pensam 'estão querendo ficar em casa para ter alguns benefícios', mas a realidade não é essa, né? O tratamento tem que ser feito de uma maneira ampla, incluindo todas essas situações que eu já comentei. E em alguns casos, quando a qualidade de vida não está boa mesmo, é preciso o tratamento psicológico, e nem sempre os médicos conseguem fazer o diagnóstico correto. Por isso, todas essas interações, principalmente com a equipe multiprofissional, são muito importantes."

PORTADORES

Assim como Lady Gaga, uma das celebridades que explica os transtornos provocados pela Fibromialgia, a cantora e professora de canto Juliana Almeida de Deus, 30 anos, conta como lida com a síndrome. "O diagnóstico veio há três anos, a partir de uma consulta médica. No entanto, os sintomas já me acompanhavam desde a infância. Por exemplo, eu tinha muitos gatilhos emocionais e sentia que tinha levado uma surra no corpo todo."

Juliana conta que sempre sentiu muitas dores nas costas e costelas, mas não dava muita importância. "Eu achava que as dores eram resultados de consequências normais, como dormir em posições ruins. Mas, conforme a dor não passava e ao longo do tempo foi aumentando, não tive mais como ignorar", cita. Foi em meio a pandemia, que Juliana sentiu uma nova onda de sintomas, por isso resolveu procurar um médico e obteve um diagnóstico. "A verdade é que eu ficava negando a situação, porque para mim isso era impossível."

Embora a cantora tenha recebido o tratamento farmacológico, optou por não tomar nenhum remédio porque causam nela efeitos colaterais. "Agora lido apenas com o sentir, sabe? E às vezes, ocorre de surgir dores onde ninguém imaginaria que pudesse doer, como nos ossos do rosto. Já cheguei a usar óleo de cannabis para acalmar as dores, também. Tomo banhos quentes para relaxar, mas tem dias que simplesmente nada resolve. Então eu deito na cama e só espero a melhora", finaliza a cantora.

1 COMENTÁRIOS

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  • Miriam
    22/05/2023
    Obrigada pela matéria, pelo reconhecimento dessa síndrome que é difícil de ser diagnosticada. Não aparece em exames, não deixa marcas e nem inchaço. Mas trás incapacidade, fadigas e uma porção de incompreensão. Ter matérias, como essa, ajuda as pessoaa terem um norte e a família compreender. Sou portadora há 05 anos, faço tratamento com remédios, acupuntura e pilates.