Opinião

Etarismo

18/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Pois é, aprendi mais algumas palavras nestas últimas semanas, com base num vídeo que viralizou na internet, sobre três estudantes de biomedicina debochando de uma caloura de mais de 40 anos, dizendo que ela deveria estar aposentada, que não deveria estar cursando faculdade com esta idade. O caso ganhou repercussão nacional e levantou o assunto sobre a idade e o preconceito que a acompanha.

Adoro o tema e começo fazendo uma pergunta: existe idade para viver?

A discriminação por idade é crime. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o etarismo, idadismo, ageismo ou até a horrível palavra "velhofobia", surge quando a idade é usada para categorizar ou dividir pessoas por atributos que causem danos e injustiças. Preconceito este que a OMS classifica como prejudicial para a saúde e o bem-estar.

Deveríamos saber e educar, debater o tema, pois a idade não pode categorizar pessoas. Isso pode ser a causa dor e desconforto, pois mexe com a autoestima e é uma tremenda injustiça, ofendendo por uma causa natural que ninguém pode interferir. Aliás, é nossa natureza. Onde está a empatia, afinal? Que bom que estamos todos envelhecendo.

Há pouco tempo a cantora Madonna foi chamada de "velha" e "gagá" nas redes sociais e se pronunciou de maneira emocionante. Muitas pessoas estão se incomodando cada vez mais com o envelhecimento dos outros. Se eu nego o envelhecimento alheio, na verdade, estou negando o meu próprio processo natural, ou seja, o problema não está no outro, mas dentro de mim e, se eu não lido bem com isso, ataco quem for. Quando olhamos a velhice do outro nos damos conta da nossa própria.

Meu papel aqui é trazer conhecimento para que todos envelheçam bem, com orgulho e com saúde. Longevidade e alegria de viver são conquistados através de um bom estilo de vida e de muita organização. Se queremos viver, vamos envelhecer. Aceite e queira envelhecer bem, respeite a sua natureza.

Enquanto os cientistas continuam pesquisando ativamente como retardar ou prevenir declínios relacionados à idade na saúde física, eles já descobriram várias maneiras de melhorar as chances de manter a saúde ideal mais tarde na vida. Cuidar de da saúde física envolve permanecer ativo, fazer escolhas alimentares saudáveis, dormir o suficiente, limitar a ingestão de álcool, parar de fumar e gerenciar proativamente os cuidados com a saúde. Pequenas mudanças em cada uma dessas áreas podem percorrer um longo caminho para apoiar o envelhecimento saudável.

Evidências científicas sugerem que as pessoas que se exercitam regularmente não apenas vivem mais, mas também podem viver melhor, o que significa que desfrutam de mais anos de vida sem dor ou incapacidade.

Portanto, quando encontrarmos alguém se exercitando em qualquer idade, estudando, buscando ser feliz na vida, seja a fase que for, tenha empatia e respeito pela história desta pessoa, não sabemos o que se passou, mas deveríamos estar felizes pela garra de seguir em frente de todas as pessoas que vivem intensamente suas vidas.

Ensine seus semelhantes e se policie para não julgar o outro pela idade, vamos aprender com estas três jovens. Cuidado com comentários como: "ela não tem idade para se vestir assim", "ele ainda está lúcido", "é velho demais para isso", e por aí vai. Está na hora de pararmos com isso e refletirmos sobre viver. Afinal, estamos aqui para isso: viver bem, envelhecer e ser feliz. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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