Opinião

Março sempre será o mês da mulher

11/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Exposições estão abertas dedicadas a elas. A história da segregação também é contada nos filmes de arte. Sua história, desconsiderada na história da arte, é tema de filmes como o documentário "Mulheres Escultoras", de Emilie Valentin. Ali se entende o tamanho dessa não participação feminina. Por exemplo, no século XVI, Properzia de' Rossi foi reconhecida por suas esculturas infinitamente pequenas; no século seguinte Luísa Roldán teve uma ascensão tão vertiginosa na Espanha que virou escultora da corte; no século XIX Rodin obscureceu Camille Claudel (1864 - 1943), que só foi reconhecida há pouco tempo. Esses são os exemplos de como as mulheres tiveram seu protagonismo apagado na história.

Para celebrar essas mulheres, aqui em Jundiaí foi formada uma força tarefa, que potentemente mostra como foram fortes e arrojadas todas elas, que juntas fizeram sim outro lugar, outros costumes. Na exposição "Mulheres que ajudaram a construir a história de Jundiaí", inaugurada na Pinacoteca Diógenes Duarte Paes na última quarta-feira (8), com curadoria João Boin, são 27 mulheres com suas boas fotos e uma pequena menção de quem foram e do que fizeram. Em sua maioria professoras, estiveram em um movimento que fez lugares, formaram gerações de alunos e escolas como foi Diva Teixeira Coelho Saraiva, inesquecível por seus alunos. Representam o que foram pra Jundiai e não só pra Jundiai.

Heloisa Mafalda teve presença no rádio e novelas por décadas no país. Irede Cardoso fez o "Elas por Elas" e o "TV Mulher" que todas as manhãs se dedicava corajosamente ao assunto feminino: não de receitas culinárias, mas dos direitos, de política, das liberdades, dos prazeres e de sexo. Por décadas também trabalhou no jornal Folha de São Paulo, cobrindo a causa estudantil e ativista contra a ditadura. Foi autora da celebre frase "Ditadura nunca mais" em uma entrevista à Revista Veja, ainda perto do fim da ditadura.

Essas mulheres juntas na Pinacoteca, por todo esse mês, são lembradas e realmente mudaram tudo e se dedicaram, principalmente, nos costumes e na educação.

Outra exposição em cartaz, na CIESP Jundiaí, é "Mulheres na Indústria", aberta até dia 31 deste mês. Sueli Muzaiel, diretora de comunicação da entidade, diz: "Onde uma mulher passa abre caminhos para que muitas outras possam também trilhar suas histórias. Ganhando cada vez mais espaço no mundo corporativo, a liderança feminina está transformando a cultura organizacional de muitas empresas, fortalecendo a presença das mulheres nas mais diversas áreas e atividades". Nessa exposição foram colhidas 50 fotos enviadas pelas indústrias de Jundiaí, e fazem o contraponto da outra, hoje estão fazendo na indústria o que precisa, inovam e transformam.

Mas fica essa coisa sem fazer. Que mulher em política em Jundiaí: não! Na câmara: não! Nos partidos: não!

Infelizmente não me convence que vereadores façam leis que as beneficiem. Quem tem que fazer são elas, para elas e por elas. Proporcionalmente na política, um mundo praticamente dominado por homens, ao contrário, somente uma é destaque, o que mostra que não evoluímos em áreas que são fortemente protegidas pelos políticos e partidos.

Ariadne Gatolini afirma que não avançamos em pautas que sua mãe, nos anos 1968, já defendia e lutava: equidade salarial, igualdade de direitos, direito ao aborto e participação política que são sempre discutidas, mas ainda sem avanços.

Eduardo Carlos Pereira e arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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