JUNDIAIENSES

Pioneiras do futebol feminino exaltam luta pela inclusão

Falta de reconhecimento e preconceito marcaram a carreira de atletas que abriram as portas para a evolução da modalidade

Por Luana Nascimbene | 08/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min

ARQUIVO JJ

A ex-atleta e atual treinadora do Time Jundiaí, Tatisa Zonaro jogou no primeiro time feminino do Paulista
A ex-atleta e atual treinadora do Time Jundiaí, Tatisa Zonaro jogou no primeiro time feminino do Paulista

Preconceito, desvalorização, lutas diárias e falta de espaço: tudo isso marcou a trajetória de pioneiras do futebol feminino em Jundiaí. Com o cenário mudando nos últimos anos, atletas que abriram as portas para a valorização e reconhecimento da modalidade na cidade exaltam a luta pela inclusão de mulheres no futebol.

Em 1997, a ex-zagueira e atualmente guarda municipal, Juliana Rodrigues, conhecida como 'Capitã', ingressou no futebol junto com sua irmã gêmea, Paula Rodrigues, ex-goleira. Desde cedo, a jundiaiense jogava bola na rua e na escola e, aos 13 anos, passou em um teste para jogar na equipe feminina do Clube Nacional. "Me destaquei no Nacional e, em um amistoso contra o Guarani, o clube de Campinas me chamou para fazer parte da equipe e eu aceitei. Comecei a disputar campeonatos oficiais (estaduais e nacionais) e participei de uma seletiva para compor a primeira seleção brasileira feminina sub-20", conta a ex-atleta.

As irmãs foram selecionadas para representar Jundiaí na seleção brasileira, porém, Juliana estava lesionada e não pôde integrar o elenco. "Foi organizado um torneio para a criação da seleção brasileira sub-20. Jogadoras de equipes do Brasil inteiro participaram, inclusive a Marta estava no torneio e tive a honra de jogar contra ela. Infelizmente me lesionei e não pude entrar para o elenco, mesmo sendo selecionada, mas minha irmã também foi chamada e representou muito bem", relembra Juliana.

DESAFIOS

Convivendo com a desvalorização e falta reconhecimento, a ex-jogadora decidiu encerrar a carreira cedo, aos 27 anos, mesmo com futuro promissor. "Depois de jogar no Guarani eu passei pelo primeiro time feminino do Paulista, em 2005, além do Palmeiras e equipes dos Estados Unidos. Foram muitas dificuldades ao longo da carreira e decidi parar pela falta de valorização com a modalidade, mesmo tendo outras propostas de clubes do mundo todo. Eram 24 horas de dedicação e não tinha retorno financeiro e nem reconhecimento. Não éramos nem tratadas como profissionais", lamenta.

Assim como Juliana, a ex-atleta e atual treinadora do futebol feminino do Time Jundiaí, Tatisa Zonaro também jogou no primeiro time feminino do Paulista entre 2005 a 2015. "Comecei a jogar em 1997, no Clube Primavera, junto com meninos. Em 2000 entrei para a equipe jundiaiense e passei a disputar campeonatos e, em 2005, fiz parte do primeiro elenco feminino do Paulista e, em 2007, comecei minha carreira como treinadora nas categorias de base do clube", conta a ex-jogadora.

Agora, a professora comemora o reconhecimento e valorização das atletas. "Anos atrás era muito mais difícil, não tinha reconhecimento na modalidade, eram pouquíssimos campeonatos para disputar e nem tinha calendário. Só agora está evoluindo. Os clubes estão olhando com mais carinho para o futebol feminino e as atletas têm cada vez mais incentivo e apoio para seguir o sonho de se tornarem jogadoras profissionais", comemora.

Juliana Rodrigues e Paula Rodrigues
Juliana Rodrigues e Paula Rodrigues

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