Opinião

Paciência para sair da ignorância

04/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Querido leitor

A ignorância é um problema que pode ser resolvido através do conhecimento e autoconhecimento.

Quando não temos informações suficientes para elaborarmos uma opinião fica claro que nossa opinião é falha. Por causa disso precisamos nos munir de toda informação possível para formarmos uma opinião, mas as vezes por teimosia e orgulho optamos por não querer saber mais para depois tomarmos partido.

O orgulho e a arrogância fazem parte da nossa ignorância mais enraizada.

A ignorância que não quer aprender, fica isolada em informações duvidosas, não pensa então pondera mais.

Que pena!

Nunca seremos livres desse tipo de escravidão, a escravidão da falta de informação.

Você pode pensar que é livre para pensar o que quiser, mas isso tem consequências.

Estudar a lei de causa e efeito é importante porque vai além de sentir- se livre para escolher como agir. Só seremos completamente livres se nos libertarmos também dos efeitos das nossas escolhas.

Agir sem sabedoria nos faz sempre ficar arrependidos; será que só amadureceremos quando as consequências de nossas ações caírem sobre nós e nossas famílias?

Quando as vítimas das nossas ações são nossos amigos e parentes pensamos melhor, não é?

Nossas frustrações e aflições mentais precisam ser compreendidas profundamente por nós. Se não viramos escravos de nossos entendimentos falhos e maus entendidos.

Sabedoria nasce de contemplar o que ouvimos, fazer uma análise chegar a conclusões, ouvir também é importante até para vida diária, precisamos aprender ouvir.

No livro de Gueshe Kelsang Gyatso, "Como Solucionar Nossos Problemas", ele diz: "todos os objetos de conhecimento, inclusive nossos estados mentais, são manifestações-dependentes, não possuem uma natureza própria independente, ou autoexistente".

Portanto não faz sentido reagir com raiva contra as pessoas ou situações que nos prejudicam sem escolha. Se enxergarmos a natureza interdependente de todos os fenômenos, conseguiremos eliminar a causa de grande parte de nossa raiva.

Normalmente achamos que há um agressor inerentemente existente, prejudicando uma vítima inerentemente existente. Esse é um julgamento completamente errado. Na realidade o agressor e a vítima são interdependentes e não possuem, em absoluto, nenhuma existência inerente ou independente. Se mentalmente tentarmos isolar o agressor de tudo o mais afim de apontar alguém a quem possamos culpar, não conseguiremos fazê-lo, pois ele não possui uma existência independente dos demais elementos da situação. O agressor depende de suas delusões e do carma da vitima que o impele a agir daquela forma naquele momento. Ele também depende das circunstâncias da situação, de seu histórico pessoal e familiar, da sociedade em que vive, das suas vidas anteriores, de estar aprisionado num corpo e mente samsaricos. Quando procuramos por um agressor ele desaparece numa infindável teia de relações, causas e condições, não há uma pessoa inerentemente existente a ser acusada.

Do mesmo modo, a delusão que motivou o ataque, o ataque propriamente dito, a vítima e seus sofrimentos são todos totalmente impossíveis de serem encontrados.

Ao analisar a situação dessa maneira completamente nova, vamos descobrir que não podemos culpar ninguém. Isso não quer dizer não responsabilizar.

Essa sabedoria deve ser adquirida aos poucos, mas ela nos libertará.

Não sofremos por que escolhemos sofrer, é que agimos sem pensar nas consequências, por falta de conhecimento. Nossa ignorância nos faz agir de maneira completamente inábil e inadequada, para nós e para os outros.

O que precisamos fazer é ouvir ou ler, contemplar o que leu ou ouviu e misturar com nossa mente essa nova conclusão.

Mas temos que ter paciência para aprender, porém precisamos de determinação para adquirir sabedoria.

Gen Kelsang Chime é professora no Centro Budista Kadampa Vajrayogini em Jundiaí (kelsang.chime.br@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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