Durante a 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), realizada quinta-feira, 4, no Palácio Itamaraty, a empresária francana Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, assumiu protagonismo ao abordar temas cruciais para o país. Em sua fala, ela equilibrou o reconhecimento dos avanços econômicos com críticas pontuais à política monetária e um apelo emocionado pelo combate à violência contra a mulher.
Diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comemorou a redução da taxa de desemprego para 5,4%, o menor patamar da série histórica, e a recente regulação das "bets".
"Vamos parar de falar mal do Brasil. Vamos destacar o que nós temos de bom e valorizar o que é nosso. Eu defendo e acredito profundamente no Brasil, nós temos absolutamente tudo para construir um 2026 mais forte, mais justo e soberano", afirmou.
Apesar do tom otimista, a líder empresarial não poupou críticas à atual taxa de juros do país. Segundo ela, a alta dos juros continua sendo um entrave significativo que "atrapalha a atividade econômica" e o crescimento sustentável das empresas.
O ponto alto de sua participação, no entanto, foi um apelo direto aos empresários homens presentes no evento. Relembrando o assassinato de uma gerente do Magazine Luiza há 10 anos — vítima de feminicídio após 17 anos de carreira —, Luiza Trajano convocou o setor privado a assumir responsabilidade no combate à violência doméstica.
"Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher, mas o Magalu vai meter. Eu quero pedir aos empresários: quando vocês metem a colher, vocês nos ajudam, que vocês sintam mais o movimento das suas empresas", discursou.
Ela destacou que, após a tragédia na sua empresa, medidas internas foram tomadas e, há uma década, nenhuma funcionária foi perdida para o feminicídio. "Nós não podemos aceitar mais isso. A cada cinco horas, uma mulher é morta. E atrapalha todos. Atrapalha a família do homem, atrapalha o homem, e o filho é terapia para o resto da vida", completou.
O "Conselhão", reativado em 2023, reuniu 289 conselheiros para discutir o futuro do país. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reforçou o otimismo econômico, citando a redução da desigualdade e a saída do Brasil do Mapa da Fome, e usou uma metáfora para diferenciar a gestão brasileira da argentina: "Não precisamos de uma serra elétrica para corrigir os nossos desequilíbrios. Mas de uma chave de fenda".