05 de dezembro de 2025
VETERANA

Investidores desistem e clima esquenta nos bastidores da Francana

Por N. Fradique | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Sampi/Franca
N. Fradique/GCN
Representantes do Conselho Deliberativo da Francana e do grupo de investidores que negociavam com a Francana

A parceria entre um grupo de investidores e a Francana para assumir o futebol do clube já para o Campeonato Paulista Série A3 de 2026 fracassou. Após semanas discutindo pontos no contrato, representantes do grupo interessado na terceirização do futebol da agremiação convocaram uma coletiva de imprensa, no começo da noite dessa segunda-feira, 3, para anunciar o fim das negociações. O contrato teria validade até 2030, com uma folha de pagamento estimada em R$ 200 mil na Série A3, o que totalizaria investimento de cerca de R$ 3 milhões por temporada.

O acordo entre clube e empresários estava sendo conduzido pelo Conselho Deliberativo da agremiação, encabeçado pelo vice-presidente Fransérgio Garcia, que também é vereador em Franca. O Grupo Good Foot, interessado em administrar o futebol da Veterana, tem como membros o ex-jogador Fransérgio Bastos e Ivo Gonçalves, pai do meio-campista Estêvão Willian, do Chelsea.

A reunião nesta segunda-feira foi realizada no escritório de um conselheiro da agremiação com a presença da maioria dos atuais membros do Conselho Deliberativo, entre eles o presidente do próprio Conselho, Anderson Silva; do vice, Fransérgio Garcia; do vice-presidente da diretoria executiva, Antônio Miranda (Toninho Bolota); e do representante do Grupo Good Foot, Tiago Bastos, responsável por informar sobre o encerramento das tratativas.

"A gente tinha muito interesse em estar na Francana, fazer investimentos, não só no futebol, mas na estrutura, no centro de treinamentos. Infelizmente não foi possível, mas desejo todo sucesso para a Francana, para a atual diretoria e a gente dá por encerrada a negociação de investimento na Associação Atlética Francana", disse Tiago Bastos.

Por que as negociações fracassaram?

Questionado pelo GCN/Sampi sobre o motivo da falta de acordo ou se havia alguma cláusula contratual divergente, Bastos afirmou que não. "Foi apresentada uma minuta que poderia ter alguns pontos alterados. Nesse ínterim, começamos a contatar jogadores e técnico, o que é normal devido ao mercado. Acho que ele (Rafael Diniz, presidente da Francana) não gostou."

A negociação não vingou e ainda deverá deixar sequelas no clube. O Conselho Deliberativo deverá marcar uma data para a prestação de contas de Rafael Diniz. Caso isso não ocorra dentro de um prazo ainda a ser definido, o presidente executivo do clube correrá o risco de ser destituído do cargo. O mandato de Rafael expira em maio de 2026.

"Nós temos regras, temos que cumprir o estatuto. O estatuto fala que trimestralmente tem que se prestar contas e a gente vai cobrar do Rafael essa prestação de contas, como cobraremos de qualquer presidente. A gente não quer destituir ninguém do cargo, o que a gente espera é que a diretoria preste contas", disse Fransérgio Garcia.

Fransérgio descartou a possibilidade de a Francana ficar fora da Série A3, mesmo com o impasse sobre a prestação de contas. "Esse Conselho Deliberativo é um conselho forte. Hoje nós temos corpo, temos estrutura, independentemente do que possa acontecer nos próximos dias, nós não vamos deixar que a Francana fique de fora do Campeonato Paulista da Série A3."

Presidente da Francana 

Após a reunião dessa segunda-feira, 3, a reportagem procurou o presidente da Francana, Rafael Diniz — que não foi convidado para a coletiva — para comentar a decisão dos investidores de encerrar as negociações. Ele só se manifestou nesta terça-feira, 4. "É uma pena que as pessoas não tenham a paciência necessária para chegar às instituições e conquistar seu espaço; querem chegar chutando a porta, colocar todo mundo para correr e assumir o comando a qualquer custo".

"No futebol, há muito ego, vaidade e histórias fantasiosas; esse é o pior inimigo dos bons resultados. Nunca vi quem teve essa postura conquistar nada, a própria história do clube e da empresa comprova este fato", completou.

Rafael disse que as eleições no clube estão longe — maio de 2026 — e que não descarta concorrer à reeleição. O recado aparenta ser para Fransérgio Garcia, que já adiantou que pretende concorrer ao cargo. “Tem uma turma com uma narrativa muito forte de que vai assumir o comando do clube a partir de maio de 2026, porém há muito tempo ainda e ninguém vence eleição de véspera”.

O presidente da Veterana reafirmou que a atitude do grupo de investidores em iniciar as negociações com atletas e treinador antes de a parceria ser concluída pesou para a continuidade das tratativas de parceria e que o contrato não apresentava nada além das possibilidades da atual diretoria.

"Foi precipitada a contratação do treinador e, principalmente, a iniciativa de ligarem para os atletas para formalizar o convite para representar a Francana em 2026, sendo que o assunto não tinha nenhuma definição. Além disso, se é para contratar um treinador de divisões inferiores e contratar os mesmos atletas que já estavam no clube, não faz sentido mudar o planejamento que temos."

Diniz, por fim, questionou a minuta e a representação do documento. "A respeito da minuta, era falha, sem garantias e com uma sociedade anônima, representada por um procurador (terceiro), sendo assim, os termos não me agradaram."

Independentemente do imbróglio e da turbulência nos bastidores da Francana, o clube precisa montar elencos o mais rápido possível para as competições em 2026: para a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior, que começa dia 2 de janeiro, e para a competição mais importante de seu calendário, a Série A3, que começa em 25 de janeiro.