A reforma tributária, já aprovada pelo Congresso e em fase de regulamentação, vai unificar impostos sobre consumo e diminuir a burocracia para empresas em todo o Brasil. Em entrevista à Rádio Difusora, Rodrigo Spada, auditor fiscal da Receita Estadual de SP e presidente da Febrafite (Associação Nacional de Fiscais de Tributos Estaduais) e da Afresp (Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de São Paulo), projetou que a mudança pode aumentar em 16% a arrecadação de Franca nos próximos dez anos e trazer mais competitividade para o setor calçadista.
O percentual apresentado por Spada tem como base um estudo elaborado pela Afresp e pela Febrafite, que analisaram o impacto da reforma na economia. Embora o levantamento ainda não tenha sido divulgado oficialmente, a estimativa indica que a cidade pode se beneficiar diretamente das mudanças.
Segundo Spada, a principal transformação está ligada ao fim da guerra fiscal, que atualmente estimula empresas a migrarem para regiões onde encontram mais benefícios tributários. Ele avalia que, com a unificação da legislação, a escolha da localização deve voltar a considerar fatores como mão de obra qualificada, infraestrutura logística e proximidade de mercados consumidores.
“Franca ganha por várias questões. A primeira é a eficiência econômica, que deve atrair novamente empresas. A segunda é o fato de ser um centro regional com mercado consumidor forte. Isso significa que o imposto ficará onde for comprado, trazendo retorno em serviços públicos”, explicou.
No setor calçadista, um dos motores econômicos da cidade, a expectativa é de maior competitividade. Spada destacou que o atual sistema, considerado burocrático e cumulativo, fragiliza a indústria nacional diante de concorrentes estrangeiros.
“Hoje não é difícil chegar a sapatos da China mais baratos que os feitos no Brasil. Com um sistema mais simples, menos burocracia e direito a crédito em toda a cadeia, o setor calçadista vai ganhar muito”, afirmou.
Apesar das projeções positivas, o auditor fiscal lembrou que o período de transição exigirá atenção das empresas. O novo modelo demandará investimentos em capacitação, adequação de sistemas e ajustes na precificação dos produtos.
“É uma travessia. Vamos ter que passar por um deserto antes de chegar a um sistema tributário melhor. As empresas precisam se preparar, porque os mais atentos vão aproveitar oportunidades, enquanto quem estiver desinformado pode colocar o negócio em risco”, finalizou.
Jantar com empresários
Natural de Catanduva (SP), Spada estudou Direito na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Franca.
Foi aqui que conheceu sua mulher e onde mantém uma rede de amigos.
Na noite de quinta-feira, 25, Rodrigo Spada participou de um jantar oferecido pela empresária Flávia Lancha em sua casa. Estiveram presentes empresários e lideranças setoriais da cidade. Odorico Barbosa, diretor da Jussara; Luiza Gouvea, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Franca; Eliane Querino, líder do Mulheres do Brasil; Toni Hajel, presidente do Sindicato da Indústria; Eliane Rodrigues Silva, presidente do Sindicato dos Contabilistas; Rodrigo Nassar, superintendente do Franca Shopping; e os empresários Miton Pucci e Julio Schrek, além do vereador Kaka (Republicanos), foram alguns dos presentes.
Spada e a empresária Flávia Lancha durante jantar na noite de quinta-feira
Durante o jantar, Spada detalhou como vê o impacto da reforma tributária e seus efeitos a partir de 2026. Falou também sobre a necessidade de mais racionalidade por parte do Estado na gestão dos tributos para reduzir o custo operacional das empresas e garantir mais justiça, sem sobrecarregar ainda mais as empresas.
“Foi um privilégio receber o Rodrigo Spada e tantos amigos aqui para a gente discutir um tema tão complexo, que afeta todo mundo, com um dos maiores especialistas no tema. O encontro, além de muito agradável, foi também extremamente proveitoso”, disse Flávia Lancha.
Na manhã de sexta-feira, Spada também participou de uma palestra no Uni-Facef (Centro Universitário Municipal de Franca).