Após a repercussão do caso do idoso, identificado como Waldeir Oliveira Ribeiro, encontrado em situação de vulnerabilidade na rodovia Presidente Tancredo Neves, entre Franca e Claraval (MG), o resgatista Thales Dantes, morador de Franca, detalhou como foi toda a ação que resultou na localização da família do homem.
Talles faz parte de uma equipe de esportes radicais e atua como resgatista vertical e de ambiente hostil. Segundo ele, a experiência no atendimento em situações de risco o ajudou a perceber que o idoso precisava de apoio. “A gente consegue prever quando algo está errado. Ele estava desorientado, então fiz o suporte, peguei ele na rodovia e levei até o primeiro ponto de saúde, pensando na idade e no estado dele”, contou.
O homem foi encaminhado ao Hospital do Coração com autorização da Polícia Militar, onde recebeu os primeiros cuidados. No entanto, em determinado momento, deixou a unidade sem ser percebido pela portaria. Talles conseguiu encontrá-lo novamente, já caminhando em direção ao centro, e o levou de volta ao hospital, onde desta vez uma viatura aguardava para assumir a ocorrência.
A princípio, os registros de Waldeir não foram encontrados em Franca - nem pelo nome, nem pelo sistema de saúde. Com a insistência do resgatista e da polícia, surgiu a suspeita de que ele pudesse ser de Claraval, cidade mineira vizinha.
A hipótese foi confirmada quando, ao chegar em Claraval acompanhado da polícia, o homem reconheceu uma rua e encontrou a residência de seu pai. “Ele sempre dizia que era para frente, mas na verdade o destino era para trás. A polícia fez o trabalho de checar e, na primeira volta em Claraval, ele achou a casa da família”, explicou Talles.
O resgatista destacou que atua como voluntário civil em ocorrências, prestando apoio em situações de risco ou acidentes até a chegada de órgãos como Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Corpo de Bombeiros ou a própria polícia.
“A gente fez um juramento de sempre estar pronto para ajudar. Foi uma operação diferente, mas bem-sucedida. Fico grato de ter conseguido apoiar, junto da Polícia Militar e do hospital, e feliz de ver que no fim a família foi encontrada”, disse.
Segundo Talles, Waldeir havia saído de casa por volta das 10h da manhã e foi localizado já no meio da tarde, após caminhar por horas sob o sol, usando muletas e sem alimentação. “Ele já estava com o quadro de diabetes afetado e parecia ter Alzheimer. Foi um caso que chamou a atenção pelo risco e pela distância que ele percorreu”, afirmou.
O resgatista também destacou a falta de ajuda inicial na rodovia. “Ali passa muita gente, mas ninguém parou para socorrer antes. Ele já estava na subida da serra, um local perigoso. Achei surpreendente que ninguém tivesse ajudado. Mas, no fim, deu tudo certo”, concluiu.