As famílias dos 12 estudantes mortos no acidente de ônibus em Nuporanga, na região de Franca, em 20 de fevereiro, manifestaram indignação nesta sexta-feira, 19, com a condenação do caminhoneiro Evandro Rogério Leite, de 51 anos. Ele recebeu pena de 5 anos e 9 meses em regime semiaberto e a suspensão de sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) por sete meses. O Ministério Público tem até esta sexta-feira para recorrer da decisão.
Em nota conjunta, pais e mães das vítimas afirmaram que a pena é desproporcional diante da gravidade do caso e banaliza a vida de seus filhos. “Traduzindo esse cálculo frio, cada vida perdida equivaleria a apenas 5 meses e 22 dias de prisão. É isso o que vale a vida de nossos filhos?”, questionam no documento.
O grupo protocolou uma carta junto ao Ministério Público pedindo que o órgão recorra da sentença. No texto, as famílias destacam que não buscam vingança, mas justiça. “Nossos filhos não terão uma segunda chance, não voltarão para casa, não poderão realizar seus sonhos. E, no entanto, o responsável poderá, em breve, retornar à sua rotina quase normalmente".
"Pedimos, humildemente, que este Ministério Público analise a possibilidade de recorrer desta sentença, buscando uma punição justa, que demonstre que a vida humana tem valor e que atos de imprudência e negligência no trânsito não podem ser banalizados", completaram.
O caso aconteceu na rodovia Waldir Canevari, entre Nuporanga e São José da Bela Vista. O caminhoneiro perdeu o controle do veículo, invadiu a pista contrária e colidiu com o ônibus que transportava 29 estudantes da Unifran (Universidade de Franca). Após a batida, ele fugiu sem prestar socorro.
A sentença reconheceu a conduta negligente do motorista, que trafegava em via considerada inadequada para veículos de grande porte. O juiz Iuri Sverzut Bellesini também apontou agravantes previstos no Código de Trânsito Brasileiro, como a omissão de socorro, mas fixou a pena em regime semiaberto.
Agora, cabe ao Ministério Público de São Paulo decidir se irá recorrer para pedir o aumento da pena. As famílias dizem confiar na atuação do MP como "guardião da vida e da sociedade".
Lista das vítimas: