O termo “networking”, popular no meio empresarial como sinônimo de rede de contatos voltada à criação de oportunidades, também se aplica à política. E é justamente essa articulação que Franca não tem. Sem ligação direta – ou, no mínimo, escassa – com o Governo Federal, a cidade precisa de representantes capazes de levar suas demandas e conquistar investimentos – necessidade reconhecida pelo prefeito Alexandre Ferreira (MDB). Nesse cenário surge a campanha Franca tem Voz (#VoteFranca), que busca conscientizar os eleitores a escolher candidatos da própria cidade nas eleições de 2026, quando estarão em disputa as vagas para deputado estadual e federal.
Alexandre ressaltou que a prioridade do prefeito é gerenciar e administrar a cidade, garantindo o funcionamento da máquina pública e o atendimento às demandas locais. Ele ressaltou que a articulação política com os governos federal e estadual é uma atribuição, predominantemente, dos deputados. “Um deputado, sim, tem essa prerrogativa ou essa atividade de criar essa proximidade, mostrar os projetos, fazer essa ponte entre aquilo que a cidade precisa e aquilo que os governos federal e estadual podem oferecer”, afirmou.
Ele explicou que deputados possuem um peso político que prefeitos não têm, justamente porque participam da votação de projetos de interesse dos governos. “Sabem por que isso acontece? Porque eles escutam os deputados e não muito os prefeitos? Porque os deputados federal e estadual votam projetos do governo. O deputado federal e estadual que ajuda o governo, é claro que o governo vai facilitar o acesso a recursos dentro das normas legais.”
O prefeito exemplificou como a falta de representantes, principalmente em Brasília, pode prejudicar o dia a dia. “Alguns projetos que nós temos protocolados no Ministério da Saúde, no Ministério das Cidades, no Ministério dos Transportes, no Ministério da Justiça, eles às vezes precisam de uma conversa, um ajuste, um acordo lá no Ministério para poder ser liberado o dinheiro dentro das regras que eles exigem e que os tribunais de contas exigem. A gente tem dificuldade, enquanto prefeito, de conversar lá”.
E não é exagero de Alexandre. A cidade aguarda a definição do MEC (Ministério da Educação) sobre a possibilidade de instalar uma unidade do Instituto Federal no prédio da antiga Unesp (Universidade Estadual Paulista), localizado no Centro. Além de revitalizar o imóvel, que está desocupado há cerca de cinco anos, estabeleceria a primeira escola de ensino superior do Governo Federal na região.
Sem nenhum parlamentar na Câmara dos Deputados, Franca tenta buscar outras formas de ser “notada” pela União. Alexandre citou o deputado federal Baleia Rossi, que é de Ribeirão Preto e presidente nacional do MDB, que destinou R$ 40 milhões para obras de prevenção de enchentes na cidade, além do vereador Gilson Pelizaro (PT), que contribuiu na articulação para trazer uma policlínica de R$ 30 milhões. Recursos importantes, mas que poderiam ser multiplicados com alguém genuinamente francano nos cargos mais altos.
O prefeito listou obras que gostaria de fazer caso o município recebesse mais recursos. “Eu gostaria de fazer mais ginásios esportivos na cidade, mas nós não temos recursos financeiros porque temos que cuidar da saúde, da educação e da assistência social. Eu queria muito fazer mais escolas, aquelas escolas menores. Eu queria fazer mais escolas para dar mais conforto e mais condições de ensino e aprendizagem para as crianças.”
“Eu fiz 12 Cepels (Centros Populares de Esportes e Lazer), mas eu podia ter feito 20 se eu tivesse recurso externo para fazer isso. Eu fiz cinco UBSs (Unidades Básicas de Saúde), eu poderia ter feito dez se eu tivesse recurso para isso”, completou.
Alexandre fez uma projeção rápida do que a cidade deixa de receber apenas em emendas sem ter um parlamentar. "No caso do federal, por exemplo, ele pode destinar mais de R$ 20 milhões, além das emendas de bancada. Então, nós estamos falando de perto de R$ 50 milhões por ano que a gente perde a possibilidade de receber como dinheiro a fundo perdido e investir na cidade."
Sem esses investimentos, Franca se torna uma cidade "hipotética": poderia oferecer mais aos moradores, mas, sem recursos suficientes, não consegue tirar todos os projetos de melhoria do papel.
“Só aparece em época de eleição”. Se você nunca disse, provavelmente já ouviu alguém repetir essa frase. É comum que candidatos visitem cidades apenas no período eleitoral na tentativa de conquistar votos e, para reforçar esse compromisso, prometam atender ao município caso sejam eleitos. Alexandre Ferreira alerta a população sobre essa prática e reforça a importância de escolher nomes genuinamente francanos. “Não adianta ter voto aqui e ser eleito também por outros lados, porque ele acaba tendo compromisso com outras cidades e deixa a nossa de lado.”
"A gente precisa de gente eleita aqui, de Franca, com votos de Franca e na nossa microrregião aqui, para que a gente possa cobrar desse deputado resultados positivos para nós. E não mandar dinheiro para outras cidades, não fazer base em outras cidades, não fazer trabalho político em outras cidades", completou.
A campanha é realizada pela Acif, Cocapec, Unimed, GCN e Rádio Difusora. O #VoteFranca também conta com o apoio da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Franca, Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Franca, Conselho de Mestres de Maçonaria, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Franca, do Magazine Luiza, do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Franca e do Uni-Facef (Centro Universitário Municipal de Franca).