15 de dezembro de 2025
BASQUETE

Racismo: torcedores do Franca agridem atletas do Corinthians

Por Laís Bachur | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/SESI Franca
Raymundo, do Corinthians, marca Mineiro, do Franca: corintiano foi alvo de ataque racista de torcedores francanos

Dias após o Sesi Franca divulgar um pedido oficial para que sua torcida mantivesse o respeito durante as partidas, a falta de educação ultrapassou os limites da arquibancada e virou caso de polícia.

Na noite deste domingo, 24, o Ginásio "Pedrocão", em Franca, recebeu o duelo entre Sesi Franca Basquete e Sport Club Corinthians Paulista, válido pelo Campeonato Paulista de Basquete. Dentro de quadra, o Franca venceu, mas fora dela o episódio mais marcante foi a denúncia de ofensas racistas contra dois atletas corinthianos Lucas Cardoso e Kauan Raymundo, ambos jovens de 19 e 20 anos, respectivamente.

Segundo o boletim de ocorrência, alguns torcedores que estavam posicionados atrás do banco de reservas do Corinthians passaram a atacar verbalmente os jogadores negros. Chamaram-nos de “favelados”, “pobres”, “passa fome” e até mesmo de “Cirilo”, em referência pejorativa ao personagem da novela Carrossel.

Os atletas ficaram visivelmente abalados e relataram grande sofrimento emocional com as ofensas. A comissão técnica do Corinthians afirmou ter sido orientada pelo próprio Sesi Franca a registrar a ocorrência, para que os autores sejam identificados e punidos criminalmente, além de impedidos de frequentar novos jogos. O clube paulista também entregou imagens dos torcedores suspeitos para ajudar nas investigações.

O episódio aconteceu em meio a um cenário já delicado para o Sesi Franca, que recentemente sofreu duas condenações do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por atitudes da torcida em jogos do NBB. Contra o Pinheiros, o Franca foi multado em R$ 10 mil por ameaças aos árbitros nos playoffs. Já diante do Flamengo, a multa chegou a R$ 12 mil após torcedores ofenderem o atleta Alexey Borges, ex-jogador do clube.

Ambas as punições tiveram base no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que prevê sanções para condutas hostis das torcidas.

Notas de repúdio

Após a repercussão, o Sesi Franca voltou às redes sociais para se posicionar. “Essas atitudes não representam a história nem a grandeza da torcida francana. Apoie, incentive e vibre pelo nosso time. Sem ofensas, discriminação ou condutas que prejudiquem o espetáculo”, publicou o clube.

O Sport Club Corinthians Paulista também manifestou seu repúdio ao episódio de racismo. Leia:

O Sport Club Corinthians Paulista manifesta seu repúdio ao episódio de racismo ocorrido neste domingo (24) durante a partida contra o SESI Franca, realizada no ginásio Pedrocão, válida pela 7ª rodada do Campeonato Paulista de Basquete.

Torcedores posicionados atrás do banco de reservas do Corinthians dirigiram ofensas racistas aos atletas Lucas Cardoso e Kauan Raymundo. As agressões foram registradas em boletim de ocorrência no 4º DP de Franca, acompanhado pelo técnico e membros da comissão técnica, que também forneceram imagens dos suspeitos para colaborar com as investigações.

O Corinthians reafirma que não compactua e jamais se calará diante de qualquer ato de racismo, preconceito ou desrespeito a qualquer ser humano. O clube seguirá atuando para que os culpados sejam identificados e devidamente punidos, além de prestar total suporte aos atletas.

A instituição agradece ao chefe de segurança do ginásio Pedrocão, que prontamente prestou apoio à equipe e às vítimas, e também à Federação Paulista de Basketball pela colaboração.

Racismo é crime. E contra o racismo, o Corinthians será sempre resistência.

Sport Club Corinthians Paulista

A torcida Capital do Basquete também publicou uma nota repudiando a agressão sofrida pelos atletas do Corinthians:

O Capital do Basquete manifesta seu mais profundo repúdio a qualquer ato de racismo,  prática inaceitável e incompatível com os valores do esporte e da sociedade.

Nos solidarizamos com os atletas @l.eduaardoo_ e @kauanraymundo05 , do @corinthiansbasquete vítimas de uma atitude covarde e repugnante.

Que o responsável  por tal ato seja devidamente identificado e responsabilizado,  para que episódios como este não se repitam.

O basquete, símbolo de união e respeito, jamais poderá conviver com qualquer forma de preconceito.

Entendemos sim, que a torcida tem seu direito e seu papel em apoiar o seu time, e vaiar o adversário durante os jogos, e defendemos isso, porém CRIME é CRIME seja em jogo de basquete, ou seja na rua.

Racismo é crime! Racismo não!