15 de dezembro de 2025
INDÚSTRIA CALÇADISTA

Franca perderá até 1,5 mil empregos com taxa de Trump, diz setor

Por Leonardo de Oliveira | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/WhatsApp/GCN
Calçados produzidos em Franca ganham o mundo, mas novo tarifaço dos EUA ameaça frear exportações e cortar milhares de empregos na cidade

A indústria calçadista de Franca, um dos maiores polos do setor no Brasil, deve sentir de forma especialmente dura os efeitos da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações brasileiras.

Levantamentos de entidades, como Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) e Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçado de Franca), apontam que o impacto será forte, com risco de frear o ritmo de expansão das exportações que vinha sendo registrado e, principalmente, de cortar postos de trabalho em toda a cadeia produtiva.

Hoje, cerca de 78,3% das exportações da indústria da transformação brasileira são para os Estados Unidos - exatamente o segmento no qual Franca se destaca, especialmente com a produção de calçados masculinos. Cerca de 40% das exportações calçadistas da indústria francana são para o mercado norte-americano.

Nos últimos meses, segundo o Sindifranca, a cidade vinha colhendo resultados positivos: de janeiro a maio, as exportações de calçados de Franca para os Estados Unidos cresceram 21% em valor e 25% em pares vendidos, em comparação ao mesmo período anterior.

No cenário global, as exportações francanas também subiram: 10% em valor e 14% em quantidade de pares. Boa parte desse fôlego veio justamente do mercado americano, responsável por um movimento que ajudou o Brasil a registrar quase 10% de crescimento nas exportações totais de calçados no mesmo período.

Com a tarifa extra de 50%, as entidades apontam que Franca deve ser o polo mais penalizado do país. Se o novo tributo se mantiver, as projeções apontam para perdas de até 15 milhões de dólares em exportações e a extinção de algo entre 1.200 e 1.500 postos de trabalho, afetando não só as fábricas, mas também fornecedores, representantes e toda a cadeia produtiva local.

A estimativa do Sindifranca para este ano era de exportar cerca de 700 mil pares de calçados francanos aos EUA, movimentando algo em torno de 23 milhões de dólares. Agora, o risco é de queda expressiva nesse volume - cerca de 65% -, prejudicando uma cidade cuja economia gira, em boa parte, ao redor das exportações.

O apelo de quem produz em Franca é que os governos brasileiro e americano deixem as disputas políticas e vaidades de lado e busquem um entendimento que leve em conta o impacto socioeconômico dessas medidas. Para o setor calçadista francano, essa “canetada” representa mais do que números: coloca em risco empregos, renda e décadas de tradição exportadora que ajudaram a projetar a cidade internacionalmente.

"Ainda que haja um desequilíbrio na balança comercial - atualmente desfavorável ao Brasil -, o volume e a qualidade dos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos evidenciam a confiança mútua e o espaço consolidado da nossa produção no mercado norte-americano. A alegação de que há um 'desequilíibrio injusto' carece de fundamento técnico, e a imposicão de barreiras dessa magnitude pode comprometer não apenas setores produtivos inteiros, como também os empregos e a dignidade de milhares de famílias brasileiras", diz o sindicato, em nota.

Se nada mudar, a nova tarifa de 50% passa a valer a partir de 1° de agosto.