O terreno na Vila Santa Maria, em Franca, onde quatro cães foram deixados, pegou fogo. O caso aconteceu no último domingo, 6, e gerou indignação e medo entre os vizinhos, que agora se mobilizam para salvar os animais.
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Vizinhos denunciam cães presos em terreno sem água e comida
Segundo relatos de moradores, um homem desconhecido foi visto no local horas antes do incêndio. Ele estaria recolhendo lixo no terreno, mas logo em seguida ateou fogo no material. Com o mato alto e seco, as chamas se espalharam rapidamente por toda a área — com os cães ainda lá dentro.
“A gente viu o fogo e sentiu o cheiro forte de queimado. Fomos correndo até lá, e o homem que estava no terreno ficou agressivo, gritando que, se a gente quisesse chamar a polícia, que chamasse”, contou uma das vizinhas, que preferiu não se identificar por medo de retaliações.
Mesmo com a ameaça, a vizinha Lorena Brito, que se dispôs e ficou responsável por colocar água e comida para eles, correu até o local e, com recursos próprios, conseguiu apagar parte das chamas que ainda avançavam no terreno. Desde então, ela tem se dedicado a cuidar dos animais, enfrentando um cenário desolador: o solo está completamente queimado, coberto de cinzas, e o cheiro de fumaça ainda é forte.
“É um lugar completamente impróprio para qualquer ser vivo, ainda mais para eles, que já estavam em situação vulnerável”, disse Lorena, emocionada.
De acordo com os moradores, o suposto tutor dos animais não apareceu no local. Apenas envia ração. Enquanto isso, os cães permanecem trancados no espaço, sem supervisão, em condições cada vez mais perigosas.
Preocupada com a saúde dos animais, Lorena conseguiu agendar a castração para os quatro, mas precisa que eles fiquem em jejum para o procedimento. Ela colou um aviso no portão do terreno pedindo que ninguém jogue restos de comida por cima do muro, um hábito comum entre pessoas que, embora bem-intencionadas, acabam atrapalhando o preparo dos cães para a cirurgia.
A veterinária Jayne Fernandes, que acompanha o caso, alertou para os sérios riscos enfrentados pelos cães. “Embora não tenham sofrido queimaduras, eles estão expostos a perigos constantes, como intoxicação, ataque de animais peçonhentos, estresse térmico e falta de recursos básicos”, afirmou.
Jayne também destacou que manter animais presos em terrenos abandonados é uma forma de negligência que pode configurar crime de maus-tratos, conforme previsto na Lei 9.605/98.
"Cães são seres sencientes, com direito a cuidados, segurança e bem-estar. É urgente que as autoridades intervenham e garantam a retirada imediata desses animais do local. Cada dia que passa aumenta o risco de tragédias maiores."
Para os moradores, o que aconteceu no domingo foi um alerta para uma tragédia anunciada. “A gente escuta os latidos, o choro... não dá para ficar de braços cruzados. Se não fossem os vizinhos, talvez o fogo tivesse matado todos eles”, disse outro morador.