Célia Regina Ferreira Silva, de 55 anos, aguarda por uma cirurgia em decorrência de uma lesão vascular crônica no tornozelo. A mulher está no meio de um impasse sobre qual instituição realizará o procedimento: Santa Casa de Franca ou Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Segundo a família, Célia teve uma de suas artérias entupidas, o que provocou o surgimento de uma ferida aberta de aproximadamente 5 centímetros no tornozelo da perna direita, expondo até o tendão da perna.
A dor intensa causada pela lesão e pelo comprometimento das veias têm impedido a mulher de dormir, tornando-a dependente de morfina durante grande parte do dia.
Ainda de acordo com a família, o quadro se agrava com o passar dos dias, especialmente porque, mesmo após permanecer internada por 20 dias na Santa Casa de Franca, o problema não foi resolvido.
A justificativa seria a falta de materiais necessários para realizar a cirurgia que desobstruiria a artéria comprometida.
A assessoria da Santa Casa informou que a paciente foi encaminhada ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto devido ao alto risco cardíaco, uma vez que o caso exige uma cirurgia endovascular — procedimento para o qual a unidade de Franca não possui habilitação.
A equipe médica também orientou que os curativos da paciente sejam trocados diariamente, enquanto ela aguarda uma nova vaga no sistema de regulação, já que recebeu alta hospitalar.
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto informou que a solicitação de encaminhamento da paciente foi encerrada em 17 de junho, após análise da equipe de telemedicina do Siresp (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo). Segundo o HC, o pedido de internação havia sido feito dois dias antes, em 15 de junho, mas foi negado com a justificativa de que a Santa Casa de Franca possui equipe de cirurgia vascular habilitada para conduzir o caso.
Ainda de acordo com o hospital, a orientação técnica é de que o quadro clínico da paciente — uma lesão vascular crônica no tornozelo — deve ser tratado localmente e não requer intervenção endovascular, tipo de procedimento mais complexo para o qual o HC é referência. “A informação foi confirmada pela equipe de telemedicina do Siresp, que orienta que o tratamento deve ser conduzido pela equipe de cirurgia vascular e não exclusivamente por tratamento endovascular”, explicou a instituição.
O HC também destacou que Franca pertence ao DRS (Departamento Regional de Saúde) VIII, enquanto o hospital atende à RRAS 13, com foco no DRS XIII, não sendo referência direta para a região francana. O hospital disse ainda que não há regulação ativa no sistema neste momento e, por isso, não pode estimar prazo para possível internação.
Entretanto, em nota enviada à reportagem, a Cross (Central de Ofertas de Serviços de Saúde), vinculada à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, informou que a paciente Célia Regina Ferreira Silva possui regulação autorizada para avaliação cirúrgica no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Segundo o órgão, a paciente foi orientada sobre a necessidade de uma cirurgia de revascularização e, embora a Santa Casa de Franca tenha ofertado a realização do procedimento por meio do método bypass, ela optou pela técnica endovascular - o que demandou inserção no sistema estadual de regulação.
A Cross destacou ainda que atua como serviço intermediário entre as unidades de origem e os hospitais de referência, não sendo responsável por criar vagas, mas por auxiliar na identificação de leitos disponíveis em unidades públicas ou filantrópicas aptas a realizar o atendimento.