21 de dezembro de 2025
IMPASSE

Francana com ferida aberta e tendão exposto vive jogo de empurra

Por Leonardo de Oliveira | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Sampi/Franca
WhatsApp/GCN
Célia Regina Ferreira Silva, de 55 anos

Célia Regina Ferreira Silva, de 55 anos, aguarda por uma cirurgia em decorrência de uma lesão vascular crônica no tornozelo. A mulher está no meio de um impasse sobre qual instituição realizará o procedimento: Santa Casa de Franca ou Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Segundo a família, Célia teve uma de suas artérias entupidas, o que provocou o surgimento de uma ferida aberta de aproximadamente 5 centímetros no tornozelo da perna direita, expondo até o tendão da perna.

A dor intensa causada pela lesão e pelo comprometimento das veias têm impedido a mulher de dormir, tornando-a dependente de morfina durante grande parte do dia.

Ainda de acordo com a família, o quadro se agrava com o passar dos dias, especialmente porque, mesmo após permanecer internada por 20 dias na Santa Casa de Franca, o problema não foi resolvido.

A justificativa seria a falta de materiais necessários para realizar a cirurgia que desobstruiria a artéria comprometida.

Santa Casa

A assessoria da Santa Casa informou que a paciente foi encaminhada ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto devido ao alto risco cardíaco, uma vez que o caso exige uma cirurgia endovascular — procedimento para o qual a unidade de Franca não possui habilitação.

A equipe médica também orientou que os curativos da paciente sejam trocados diariamente, enquanto ela aguarda uma nova vaga no sistema de regulação, já que recebeu alta hospitalar.

Hospital das Clínicas justifica negativa

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto informou que a solicitação de encaminhamento da paciente foi encerrada em 17 de junho, após análise da equipe de telemedicina do Siresp (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo). Segundo o HC, o pedido de internação havia sido feito dois dias antes, em 15 de junho, mas foi negado com a justificativa de que a Santa Casa de Franca possui equipe de cirurgia vascular habilitada para conduzir o caso.

Ainda de acordo com o hospital, a orientação técnica é de que o quadro clínico da paciente — uma lesão vascular crônica no tornozelo — deve ser tratado localmente e não requer intervenção endovascular, tipo de procedimento mais complexo para o qual o HC é referência. “A informação foi confirmada pela equipe de telemedicina do Siresp, que orienta que o tratamento deve ser conduzido pela equipe de cirurgia vascular e não exclusivamente por tratamento endovascular”, explicou a instituição.

O HC também destacou que Franca pertence ao DRS (Departamento Regional de Saúde) VIII, enquanto o hospital atende à RRAS 13, com foco no DRS XIII, não sendo referência direta para a região francana. O hospital disse ainda que não há regulação ativa no sistema neste momento e, por isso, não pode estimar prazo para possível internação.

Secretaria Estadual de Saúde autoriza avaliação cirúrgica no HC

Entretanto, em nota enviada à reportagem, a Cross (Central de Ofertas de Serviços de Saúde), vinculada à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, informou que a paciente Célia Regina Ferreira Silva possui regulação autorizada para avaliação cirúrgica no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Segundo o órgão, a paciente foi orientada sobre a necessidade de uma cirurgia de revascularização e, embora a Santa Casa de Franca tenha ofertado a realização do procedimento por meio do método bypass, ela optou pela técnica endovascular - o que demandou inserção no sistema estadual de regulação.

A Cross destacou ainda que atua como serviço intermediário entre as unidades de origem e os hospitais de referência, não sendo responsável por criar vagas, mas por auxiliar na identificação de leitos disponíveis em unidades públicas ou filantrópicas aptas a realizar o atendimento.