A Prefeitura de Franca divulgou, nesta quarta-feira, 5, no Diário Oficial do Município, as respostas às contribuições da Consulta Pública aberta para discutir a nova licitação do transporte coletivo urbano na cidade. Embora o debate tenha reunido sugestões importantes, a proposta de adoção de ônibus elétricos segue fora dos planos imediatos da administração municipal.
O chamamento para a Consulta Pública foi publicado em 2 de abril deste ano e permaneceu aberto até 17 de maio. Durante esse período, o município recebeu 22 manifestações, somando 55 contribuições da população. Todas foram analisadas pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Segurança e da Emdef (Empresa Municipal para o Desenvolvimento de Franca).
Entre os questionamentos, três cidadãos abordaram diretamente a viabilidade de incluir ônibus elétricos na nova concessão. Em resposta, a Prefeitura alegou que os custos operacionais seriam elevados, o que demandaria aumento no valor da tarifa ou do subsídio repassado pela administração municipal à empresa responsável.
“A adoção de ar-condicionado e ônibus elétricos, bem como uma lotação máxima de 15 pessoas em pé, acarretaria um significativo aumento nos custos operacionais do serviço”, informou a Prefeitura. Ainda segundo a administração, “nesse momento não há condições econômicas e financeiras para incorporar essas melhorias, mas ao longo do período de concessão essas condições podem melhorar”.
A ausência de previsão para modernização da frota contrasta com iniciativas de municípios vizinhos, como Ribeirão Preto, que já conta com ônibus elétricos em circulação.
O tema vem gerando intensos debates na Câmara Municipal de Franca. Durante a 21ª sessão ordinária, realizada em 27 de maio, o vereador Gilson Pelizaro (PT) criticou a falta de inovações no transporte público da cidade: “Não tem cabimento, estamos discutindo uma proposta do transporte coletivo de 20 anos e mais 5 anos, sem discutir modernidade. É discutir a mesmice!”, afirmou.
Seguindo a mesma linha de Pelizaro, o vereador Marcelo Tidy (MDB) também defendeu, durante a 21ª sessão ordinária, que a nova concessão inclua a implantação de ônibus elétricos em Franca. Tidy apresentou um estudo técnico que apontava diversas vantagens dos veículos elétricos, como menor custo de aquisição e manutenção, economia de combustível, maior eficiência energética, menor impacto ambiental e acesso a linhas de financiamento com juros subsidiados para aquisição dos veículos.
Ele ainda reforçou a importância de aproveitar o momento da licitação para promover melhorias efetivas no sistema: “A gente tem a oportunidade de proporcionar à cidade de Franca um diferencial no transporte público que foi tão criticado no histórico dos últimos 30 anos.”
Já na 20ª sessão ordinária, realizada em 20 de maio, o vereador Fransérgio Garcia (PL) também se posicionou sobre o tema: “Para ter essa qualidade que nós queremos no transporte público, deixando claro, eu queria que fosse tudo ônibus elétrico e gratuito para todo mundo, esse era o meu desejo, agora nós temos quer ver a viabilidade”.
O vereador também reconheceu as dificuldades financeiras enfrentadas pelo município e ressaltou a baixa arrecadação de Franca. “É responsabilidade do Executivo e responsabilidade nossa, trazer investimentos para Franca para a gente aumentar a nossa arrecadação. Se Franca tivesse R$ 2,5 bilhões igual tem Uberaba, que é uma cidade do tamanho de Franca, com certeza nós poderíamos subsidiar isso aí, pagar os R$ 74 milhões por ano e ter um monte de ônibus elétricos aqui”, afirmou.
A atual prestadora do serviço, a empresa São José, é alvo frequente de críticas da população pela má qualidade no atendimento. A nova concessão é vista como uma oportunidade de reestruturação do transporte público.