22 de dezembro de 2025
NA MIRA DO MP

Agiotas em Franca: Gaeco fez três operações em menos de dois anos

Por Hevertom Talles | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Láis Bachur/GCN
Movimentação das equipes nesta terça-feira, 3

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, em parceria com a Polícia Militar, deflagrou três operações contra agiotagem em Franca nos últimos dois anos. As ações ocorreram em novembro de 2023 (duas operações) e em junho de 2025. As investigações indicam que as autoridades vêm acompanhando de perto a prática ilegal no município e tentando combatê-la de forma sistemática.

Segundo o Gaeco, os envolvidos agiam de maneira estruturada, com funções bem definidas: a liderança, responsável pelo contato com os financiadores; os financiadores, que aportavam valores à organização; e os executores, que além de captar interessados nos empréstimos, realizavam as cobranças e permitiam o uso de seus nomes para abertura de contas bancárias e movimentações financeiras.

Os recursos eram utilizados tanto no próprio negócio criminoso quanto para lavagem de dinheiro, com a compra de imóveis, veículos de luxo e o uso de empresas de fachada.

Relembre as operações

Maré Alta
Realizada na manhã de quarta-feira, 22 de novembro de 2023, em Franca, a operação Maré Alta teve como alvo uma quadrilha de agiotas que atuava na cidade e região. Dez pessoas foram presas.

De acordo com o Ministério Público, o grupo emprestava dinheiro a juros abusivos e utilizava violência e ameaças graves para realizar cobranças.
Os criminosos foram condenados em 28 de agosto de 2024 pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Franca, com penas variando entre 6 e 10 anos de prisão em regime fechado.

As quebras de sigilo bancário apontaram que o grupo movimentou cerca de R$ 36 milhões nos três anos anteriores à operação.

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Castelo de Areia
Dois dias depois, na sexta-feira, 24 de novembro de 2023, foi deflagrada a operação Castelo de Areia, contra uma outra organização de agiotagem que atuava em Franca. Entre os membros estava um ex-policial civil.

Segundo o Ministério Público, essa quadrilha agia com ainda mais violência do que a anterior. O ex-policial seria o responsável pelas cobranças e intimidações aos devedores. Apesar das semelhanças, os dois grupos não têm ligação entre si.

As investigações revelaram uma movimentação financeira semelhante à anterior: cerca de R$ 36 milhões. Sete integrantes do grupo foram condenados em 19 de janeiro pela 3ª Vara Criminal do Fórum de Franca. As penas chegaram a 20 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, usura, corrupção ativa e passiva.

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Castelo de Areia – Operação II
Na terça-feira, 3 de julho de 2025, foi realizada a segunda fase da operação Castelo de Areia, com o cumprimento de 17 mandados de prisão, dos quais 16 foram efetivamente realizados. Quatorze prisões ocorreram em Franca, uma em Ribeirão Preto e outra em Pedro Leopoldo (MG). Um suspeito segue foragido.

De acordo com o Gaeco, os investigados têm ligação direta com os condenados da primeira fase da operação, mantendo as atividades criminosas em funcionamento e, inclusive, prestando apoio financeiro a familiares dos presos.

As contas bancárias analisadas revelaram movimentação de aproximadamente R$ 31 milhões nos últimos quatro anos.

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