18 de dezembro de 2025
LUTA

Franca: mulher morre no PS enquanto aguardava vaga em hospital

Por Hevertom Talles | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Sampi/Franca
WhatsApp/GCN
Maria Angélica dos Santos, de 53 anos, no Pronto-socorro “Dr. Álvaro Azzuz”

Maria Angélica dos Santos, de 53 anos, morreu no último sábado, 10, no Pronto-socorro “Dr. Álvaro Azzuz”, em Franca, enquanto aguardava transferência para um hospital com mais recursos. De acordo com seu filho, Túlio Santos, ela sofria de acúmulo de líquido nos pulmões, crises de falta de ar e foi diagnosticada com tuberculose.

A paciente foi internada em 29 de abril e, desde então, seu estado de saúde piorou enquanto aguardava uma vaga em hospital. Segundo a família, ela precisou de oxigênio no pronto-socorro, mas não recebeu a assistência adequada, pois a estrutura necessária só estaria disponível em um hospital.

O filho afirmou que Maria foi entubada no pronto-socorro sem autorização familiar. “Eles estavam levando na brincadeira. Eles entubaram minha mãe sem autorização, não conversaram com ninguém da família”, afirmou. Túlio Santos acusa a Prefeitura de Franca e a Secretaria Estadual de Saúde de negligência. “Acabaram com a minha vida”, desabafou.

A família também critica a ausência de definição de urgência pela Prefeitura de Franca no processo de regulação e a demora do Estado em disponibilizar uma vaga.

Maria Angélica dos Santos foi sepultada nesse domingo, 11, em pleno Dia das Mães, no Cemitério Santo Agostinho, em Franca. Ela deixou três filhos e dois netos.

Outro lado

Em nota divulgada anteriormente, a Prefeitura de Franca informou que o pedido de transferência foi realizado, mas que a responsabilidade pela liberação da vaga seria da Secretaria Estadual de Saúde. O Governo do Estado, por sua vez, afirmou que a ficha da paciente estava desatualizada no sistema pela administração municipal, o que impossibilitava a liberação da vaga. A Secretaria Estadual de Saúde também relatou que a Prefeitura tem a possibilidade de realizar a regulação de acordo com o quadro clínico do paciente. A administração rebateu as alegações, afirmando que as fichas dos pacientes são atualizadas diariamente e incluem suas evoluções médicas.

Procurada novamente nesta segunda-feira, 12, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu que Maria Angélica deu entrada no pronto-socorro e que a avaliação médica indicou a necessidade de transferência para um hospital. A paciente foi inserida no Siresp (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo), de gestão estadual, que gerencia o acesso aos leitos nos hospitais da região conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde).

Ainda segundo a nota, ela apresentou desconforto respiratório e dessaturação no sábado. “Foi reavaliada pelo médico e conduzida à sala de urgência. Realizou-se intubação orotraqueal. A paciente estava acompanhada pelo filho, e o mesmo foi orientado pelo médico sobre a necessidade de medidas invasivas para preservar a paciente”, diz o texto.

O Estado, por meio do Siresp, lamentou o ocorrido e explicou que, no sábado, o Pronto-socorro "Dr. Álvaro Azzuz" registrou na ficha médica que a paciente apresentava quadro estável, sem intercorrências ou riscos iminentes, o que permitiria que ela aguardasse até que a Santa Casa de Franca tivesse condições físicas para recebê-la. Já na manhã de domingo, ao solicitar uma nova atualização da ficha médica, o Siresp foi informado pelo pronto-socorro que Maria Angélica havia morrido.