22 de dezembro de 2025
ÂNIMOS EXALTADOS

Embate na Câmara: 'Chupa essa manga’ e ‘militantes de esquerda’

Por Pedro Baccelli | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação/Câmara Municipal de Franca
Vereadores Leandro O Patriota e Marco Garcia, durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Franca

A relação caótica entre servidores públicos e a Câmara Municipal de Franca rendeu duas discussões acaloradas na sessão ordinária desta terça-feira, 8.

Os vereadores discutiam a terceirização dos serviços de limpeza de repartições públicas, após denúncias de que os funcionários não estavam recebendo seus salários corretamente. Marco Garcia (PP) concluiu sua ponderação sobre o tema quando uma manifestante gritou da plateia: “Quem votou a terceirização dos serviços de limpeza foram os vereadores”.

Após os demais servidores aplaudirem a manifestação, Garcia questionou o presidente da Câmara, Daniel Bassi (PSD), sobre o regimento interno do Legislativo: "Senhor presidente, gostaria apenas de lembrar que, de acordo com o regimento, a plateia tem seu momento para se manifestar nesta Casa, que é por meio da Tribuna Livre".

A plateia rebateu que o vereador estava apelando. "Não estou apelando. Há regimento. É só se inscrever na secretaria da Casa", respondeu Marco. Os servidores afirmaram que o vereador não se reelegeria. "Estou no sexto mandato (...) já ganhei e perdi eleições. Fiquei de fora e voltei. Aqueles que me odeiam, não votem.”

Do meio da plateia, a mesma manifestante gritou: "Votou ou não votou?". Em seguida, o coro dos protestantes se espalhou: "Votou, votou, votou!", em referência à aprovação, pela Câmara Municipal, do projeto que permite a terceirização dos serviços de limpeza.

Marco perguntou ao presidente se o projeto de terceirização havia sido votado no mandato anterior. Confirmada a informação, disparou contra os servidores presentes na sessão: "Eu não estava aqui. Chupa essa manga".

'Esquerdistas'

O segundo atrito originou-se na Tribuna Livre. A servidora Giovana Mara Pereira trouxe o caso do acidente de Eurípedes Feliciano, de 79 anos, que morreu no dia 2 de abril após cair no córrego Cubatão, no cruzamento da rua Rio Grande do Sul com a avenida Alonso y Alonso, no bairro São José.

Segundo ela, quando chegou à ocorrência, o vereador Leandro O Patriota (PL) estava dentro do córrego. "Quando a viatura do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, o senhor estava lá, dentro do córrego, ao lado do paciente, junto com os bombeiros. E eu te pergunto: fazendo o quê? O senhor é socorrista, enfermeiro, médico ou bombeiro? O senhor tem treinamento ou equipamento específico para o resgate?".

"Eu era a enfermeira do Samu que tripulava a ambulância naquela ocorrência. A sua atitude demonstra claramente o seu total despreparo. O senhor é uma figura pública e tem como maior ferramenta a utilização das redes sociais. É um vereador e deveria se ater às suas funções", completou.

O estopim foi quando a servidora classificou como "sensacionalismo" a atitude do vereador. "Não faça mais isso. Decidir descer no córrego é sensacionalismo. É colocar sua vida em risco e tornar-se mais uma pessoa a ser socorrida por uma equipe já atarefada e em situação de estresse".

Justificando que havia sido citado e que responderia, Patriota pediu que a manifestante permanecesse na tribuna e perguntou qual era o nome dela. "Gostaria que você fosse até a família daquele senhor e perguntasse a eles o que acharam da minha atitude. Pergunte a eles".

"Você está equivocada em sua fala. Não foi sensacionalismo. Você viu alguma publicação sobre esse senhor nas minhas redes sociais? Você viu alguma publicação minha?", questionou.

Patriota, na sequência, taxou os manifestantes de esquerdistas. "Acontece o seguinte: vocês, militantes de esquerda, de extrema esquerda, gostam de cometer mentiras. Perguntem para a família daquele senhor o que eles acharam". Os servidores vaiaram a fala do vereador.

O presidente Daniel Bassi deu prosseguimento à sessão ordinária para encerrar a discussão.